19.5.07

Henrique Raposo no blog da Atlântico:

Temos o que merecemos

Facto 1: um juiz do tribunal constitucional, nomeado há dois meses, vai para o governo. É a mesma pessoa que liderou um serviço de informação. Três tipos de poder na mesma pessoa. Isto, nos países com tradição (liberal) constitucional, tem um nome feio. Em Portugal dizem que é “independente”.

Facto 2: o que se discute no país onde o facto 1 ocorreu? Se o Carmona é fixe ou não. Quem é que avança? Negrão? O central do Beira-Mar? Os jornalistas acham normal. Ninguém acha estranho verificar que o joelho de Mantorras tem mais share do que esta infracção sem vergonha da regra de separação de poderes.

Facto 3: Que fazem os outros contra-poderes (parlamento e Presidente)? Nada. Não há instituições em Portugal. Tudo anda ao sabor dos humores de 2 ou 3 pessoas. Isto também tem um nome feio nos sítios com tradição nestas coisas da liberdade e democracia. Em Portugal dizem que é a herança de Abril.

Somos uma democracia. Não somos uma democracia liberal como as outras. Gostamos de inventar. Há sempre uma via portuguesa para tudo. Temos uma via muito pouco recomendável para a democracia. Não há leis, regras, instituições. Só pessoas. Somos a modos que uma democracia mafiosa.


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