Um Fado: Palavras Minhas
Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.
Palavras que disseste e que diziam
segredos
que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas,
murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.
Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres,
mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...
Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
—
que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória
que arrasto pelas ruas.
- Pedro Tamen, in “Tábua das Matérias”
When I hear music, I fear no danger. I am invulnerable. I see no foe. I am related to the earliest times, and to the latest.
- Henry David Thoreau -
Condensing fact from the vapor of nuance since 2003
30.6.13
5.6.13
Contos do Baralho de Cartas (1)
Certos gajos não conseguem perpetuar a vida sem ter alguém, e o mesmo alguém, na cama todas as noites.
Pode ser outro alguém novo, ou até um alguém que vá sendo vários alguéns de ano para ano, mas certos gajos fenecem e acabam por deixar a mesa de jogo quando não têm alguém na casa, que é onde fica a cama, todas as noites.
Um dia ouve-se o Tim Booth cantar as pastagens azuis pela enésima vez e o poema certo ocorre, trocando uma porta por outra.
As diferenças, então, residirão naquilo em que sempre residiram: na elegância e no método.
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