21.12.07

Amor é mais do que dizer.
Por amor no teu corpo fui além e
vi florir a rosa em todo o ser
fui anjo e bicho e todos e ninguém.

Como Bernard de Ventadour amei
uma princesa ausente em Tripoli
amada minha onde fui escravo e rei
e vi que o longe estava todo em ti,

Beatriz e Laura e todas só tu
rainha e puta no teu corpo nu
o mar de Itália a Líbia o belvedere

E quanto mais te perco mais te encontro
morrendo e renascendo e sempre pronto
para em ti me encontrar e me perder.

- Manuel Alegre

19.12.07

Não sei como te diga hoje teria seguido a estrada até onde o cansaço nos chamasse onde a ausência do teu peito frágil me obrigasse Não sei como pegar em tanta vontade de te despir provar aquecer cobrir com as mãos enlouquecer Nas conversas, nos filmes, nos momentos Nas noites frias, nos segredos, nos ventos Amo-te, amo-te, amo-te

De chorar a rir (realces meus)

Metro garante que novo túnel é "o mais seguro" de Portugal
19.12.2007 - 11h15 Inês Boaventura

O presidente do Metropolitanode Lisboa garantiu ontem que "estão totalmente asseguradas as condições de segurança" do troço da Linha Azul entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia, que é inaugurado hoje com um atraso de vários anos e uma derrapagem orçamental que o Governo estima em dez por cento, afirmando que o túnel é "o mais seguro do país".

A polémica em redor da segurança desta obra, onde em 2000 se registou uma infiltração de água e lama e um abatimento de terras que obrigaram a uma reformulação do projecto inicial, voltou a estalar com as declarações do presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais. Fernando Curto defendeu a importância de se fazer um simulacro de acidente no novo troço do metro antes da inauguração e lamentou que não se tenham realizado "testes de segurança como deve ser, envolvendo todos os meios de socorro".

Estas denúncias foram desmentidas pelo presidente do conselho de gerência do Metropolitano de Lisboa, que garantiu que na extensão a Santa Apolónia "foi cumprida toda a legislação em vigor" em termos de segurança, tendo-se realizado as vistorias legalmente exigíveis. A última, segundo Joaquim Reis, foi feita na passada quinta-feira pelo Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, não tendo sido detectada "nenhuma inconformidade".

O presidente do metro considera que o túnel que a partir de hoje vai ligar a Baixa-Chiado a Santa Apolónia é "o mais seguro do país", explicando que a estrutura vai ser monitorizada em permanência de forma automática para detectar "oscilações milimétricas" e está equipada com "os sistemas mais modernos que existem para detenção de algumas ocorrências e sinistros". Quanto a um simulacro de acidente, Joaquim Reis adiantou este será eventualmente realizado depois da inauguração da obra, "que é o que faz sentido para avaliar se os procedimentos e o modo de trabalho estão correctos e conformes com qualquer risco que possa haver".

O responsável adiantou que o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres emitiu "uma declaração de conformidade para a abertura do troço" e sublinhou que ao longo do tempo a obra foi tendo o aval de entidades externas como o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a empresa holandesa Tunnel Engineering Consultants. Já o tratamento anti-sísmico que foi feito nos terrenos, acrescentou Joaquim Reis, foi validado pelos técnicos António Mineiro, Maranha das Neves e Matos Fernandes.

"Se houver um sismo de grau cinco ou seis fujo para a Estação do Terreiro do Paço", afirmou ainda o presidente do conselho de gerência do Metropolitano de Lisboa, numa demonstração da sua confiança na segurança do novo troço da Linha Azul. Joaquim Reis admite que no passado houve "erros" na obra e reconhece que "o túnel tem uma avaliação do foro psicológico negativa", mas espera que as garantias que têm vindo a ser dadas pelo metro e por outras entidades tranquilizem os potenciais utilizadores.

Também o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações assegurou ontem que a extensão da Linha Azul do metro respeita todas as condições de segurança, "quer do ponto de vista de engenharia, do ponto de vista técnico, dos bombeiros, da segurança". Em declarações anteriores durante uma visita ao túnel, Mário Lino já tinha afirmado que a probabilidade de ocorrer um problema no local "é praticamente nula".

Estação fluvial em 2010
Segundo o governante, a obra estava orçada em 165 milhões de euros (a preços de 1997), mas vai custar afinal 299 milhões (a preços actualizados), o que, nas suas palavras, representa uma derrapagem orçamental "na ordem dos dez por cento". Por cumprir ficaram também promessas feitas ao longo dos anos por vários ministros da tutela, que foram adiando a abertura do troço com cerca de 2,2 km, que chegou a ser anunciada para o final de 1997.

O troço da Linha Azul entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia abre ao público às 15h de hoje, dia que as viagens em toda a rede do metro serão gratuitas, mas os trabalhos à superfície vão prolongar-se, estando previsto que a reposição do Cais das Colunas junto ao Terreiro do Paço só ocorra em Novembro de 2008. Segundo Joaquim Reis, o concurso público já foi lançado e a obra deve durar sete meses, para garantir que tudo fica "110 por cento bem".

Quanto à Estação Fluvial Sul e Sueste, o responsável manifestou o desejo de que a obra esteja concluída no primeiro semestre de 2010, embora ainda esteja a aguardar uma posição final do LNEC sobre o reforço da estrutura do edifício.

Projecto foi reformulado para garantir segurança
Depois do acidente de Junho de 2000 foram vários os governos, as administrações do Metropolitano de Lisboa e mesmo os presidentes da autarquia a garantir a segurança da ligação entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia. Para evitar uma repetição do "incidente técnico" que muitos afirmam podia ter-se transformado numa tragédia, o projecto inicial do prolongamento da Linha Azul foi reformulado e os terrenos no local foram reforçados para resistirem a um eventual sismo.

Ainda assim, a obra voltou a estar envolta em polémica no início de 2006, quando um engenheiro civil do Metropolitano de Lisboa denunciou a existência de falhas de construção nos túneis do Terreiro do Paço, Baixa--Chiado e Cais do Sodré, devido aos materiais alegadamente utilizados nestas empreitadas. Estas acusações foram desmentidas na ocasião pela empresa e pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que garantiram a segurança da infra-estrutura e explicaram que esta vai ser alvo de uma monitorização constante.

Após o acidente de 2000, na sequência do qual o túnel sofreu alguma ovalização e foi detectada uma brecha com 150 metros, uma equipa de técnicos holandeses da empresa Tunnel Engineering Consultants desenvolveu o projecto para a sua reabilitação.
Além da alteração do local de implantação da Estação do Terreiro do Paço e da remoção parcial do aterro existente na zona do entretanto desmontado Cais das Colunas, o projecto previa o reforço estrutural do túnel numa extensão de cerca de 370 metros.

Nesse sentido, e segundo foi divulgado na altura, na zona entre o Poço da Marinha a Estação do Terreiro do Paço procedeu-se à construção de uma espécie de segundo túnel dentro da infra-estrutura original, através de uma estrutura de betão armado com 40 centímetros de espessura, aumentada para 70 centímetros na soleira onde tinha sido detectada uma brecha.

Já em 2007, os terrenos onde passa o túnel do metro foram reforçados com a implantação de 188 colunas de cimento que formam uma espécie de rede, com o objectivo de garantir a segurança da área no caso de ocorrer um sismo. Estas colunas foram colocadas em terra e sob o leito do Tejo, recorrendo, de acordo com a construtora OPCA, a uma tecnologia pouco vista em Portugal e que só terá sido usada em túneis de metro três vezes em todo o mundo.

Carris altera 14 carreiras
A Carris vai avançar no dia 5 de Janeiro com a segunda fase da renovação da sua rede, na sequência da entrada em funcionamento da extensão da Linha Azul do Metropolitano de Lisboa a Santa Apolónia.

"Melhorar a articulação entre a Carris e o Metropolitano de Lisboa, numa lógica de rede integrada de transportes de que Lisboa dispõe", é, segundo o presidente do conselho de administração da Carris, o principal das alterações que vão ser introduzidas em 14 carreiras. Silva Rodrigues sublinha que esta segunda fase da chamada Rede 7 "não visa reduzir o número de carreiras e de autocarros que circulam na cidade", mas sim "melhorar a sua afectação", e garante que, "se necessário", a Carris "fará os ajustamentos que se venham a revelar convenientes".

No dia 5 de Janeiro vai ser suprimida a carreira 90, que faz a ligação entre Santa Apolónia e Entrecampos nas horas de ponta dos dias úteis, mas a empresa garante que "o seu percurso está integralmente coberto pelo metropolitano" e que à superfície o seu trajecto é assegurado pela carreira 745. A Carris vai ainda alterar a frequência das carreiras de autocarros 36, 60, 714, 58 (que passa a designar-se 758) e do eléctrico 25.

A segunda fase da Rede 7, que teve parecer positivo da Câmara Municipal de Lisboa, inclui ainda a modificação do percurso das carreiras 2, 6, 9, 713, 45, 746, 81 e 82. A designação de todas estas carreiras passa a ter três dígitos e a ser iniciada com o algarismo sete.

Acidente
Foi por volta das 11h45 de 9 de Junho de 2000 que um dos operários que se encontravam a trabalhar no túnel entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia se dirigiu, "em pânico", a um dos responsáveis da obra. "Está a entrar muita água e lama dentro do túnel", ter-lhe-á dito na altura, segundo um relato escrito por um engenheiro que fiscalizava. OP"incidente técnico", como o classificou o então ministro do Equipamento Social Jorge Coelho.

O túnel
A abertura de um furo com 15 centímetros de diâmetro numa aduela originou, nas palavras de um administrador do metro na altura, "uma entrada descontrolada de águas e lamas no túnel", à qual se seguiu um abatimento de terras na Avenida do Infante D. Henrique junto à estação fluvial. O acidente obrigou ao encerramento de várias estações de metro, à interrupção da circulação rodoviária entre o Cais do Sodré e o Campo das Cebolas e à deslocação dos barcos que asseguravam a travessia entre as duas margens. Para travar a entrada de mais água no túnel e novos abatimentos de terras, foram erguidas na zona afectada - com cerca de 300 metros, 100 dos quais ficaram alagados - duas paredes em betão, cujo espaço vazio no interior foi preenchido com água para estabilizar a área.

José Sá Fernandes
Dois anos antes, o advogado José Sá Fernandes alertara para a possibilidade de ocorrer um acidente nas obras em curso no Terreiro do Paço, numa acção popular que moveu contra o Metropolitano e os empreiteiros por estes terem avançado com os trabalhos numa zona sísmica sem autorização da câmara, do Ippar e da Protecção Civil. Os tribunais decretaram a paragem da obra, decisão que o metro foi adiando até finalmente entregar os documentos requeridos. Este alerta, tal como um outro do LNEC dando conta da instabilidade da zona e recomendando que se procedesse a uma investigação geotécnica adicional, foram desvalorizados pelo metro. Aliás, em 1998, o Metropolitano tinha admitido que a permanência do aterro criado no Cais das Colunas por um período superior ao previsto podia ter efeitos negativos na zona.

Jorge Coelho
Jorge Coelho garantiu que no seu ministério "a culpa não morre solteira", e atribuiu a responsabilidade pelo sucedido ao empreiteiro. Um ano depois, o consórcio Metropaço foi ilibado de responsabilidades por via de um acordo com a administração do Metropolitano. A mais recente averiguação à obra foi feita pelo Tribunal de Contas em 2004, dizia que a informação geológica e geotécnica dava conta da permeabilidade do solo, mas que no projecto não havia referências a esse risco.

18.12.07



Que nunca nos toque pela porta...

Formado em direito e solidão,
às escuras te busco enquanto a chuva brilha.
É verdade que olhas, é verdade que dizes.
Que todos temos medo e água pura.

A que deuses te devo, se te devo,
que espanto é este, se há razão pra ele?
Como te busco, então, se estás aqui,
ou, se não estás, porque te quero tida?
Quais olhos e qual noite?
Aquela
em que estiveste por me dizeres o teu nome.

- Pedro Tamen

17.12.07

É como se tivesses mãos ou garras




I


É como se tivesses mãos ou garras
milhões de dedos braços infinitos
É como se tivesses também asas
libertas do minério dos sentidos
É como se nos píncaros pairasses
quando nas nossas veias é que vives
É como se te abrisses - ó terraço
rodeado de abutres e raízes -
sobre o perene pânico dos astros
sobre a constante insónia dos abismos
E é como se te abrisses e fechasses
sobre a antepalavra do Espírito
É como se morresses quando nasces
É como se nascesses quando expiras

II

Ó claridade Ó vaga Ó luz Ó vento
que no sangue desvendas labirintos
Ó varanda no mar sempre Setembro
Ó dourada manhã sempre Domingo
Ó sereia nas dunas irrompendo
com as dunas e o mar se confundindo
Ó corpo de desperta adolescente
já no centro de incógnitos caminhos
que por fora te aceitas e por dentro
pões em dúvida o sol do teu fascínio
Ó dúvida que avanças mas por entre
volutas de pavor que vais cingindo
Ó altas labaredas Ó incêndio
Ó Musa a renascer das próprias cinzas

III

Só tu a cada instante nos declaras
que renegas a voz de quem divide
Que a única verdade é haver almas
terrível impostura haver países
Que tanto tens das aves o desgarre
como o expectante frémito do tigre
tanto o céu indiviso que há nas águas
quanto o múltiplo fogo que há no trigo
Que és igual e diversa em toda a parte
Que és do próprio Universo o que o sublima
Que nasces que te apagas que renasces
em procura da límpida medida
Que reges o mais puro e o mais alto
do que Deus concedeu às nossas vidas


- David Mourão Ferreira

11.12.07

porque tu sozinha de pé numa flor rodeada de mundos és o ícone do amor mais horizontal que as minhas mãos sabem
(sim, tu és tudo, sim tu és tudo e o poema de hoje termina como o meu amor começa, na imensa porta que dá para uma alvorada eterna em que o teu rosto, sim o teu rosto é a primeira coisa que os meus olhos entendem ao cumprimentar a vida no novo dia)
Love Letter

Not easy to state the change you made.
If I'm alive now, then I was dead,
Though, like a stone, unbothered by it,
Staying put according to habit.
You didn't just tow me an inch, no-
Nor leave me to set my small bald eye
Skyward again, without hope, of course,
Of apprehending blueness, or stars.

That wasn't it. I slept, say: a snake
Masked among black rocks as a black rock
In the white hiatus of winter-
Like my neighbors, taking no pleasure
In the million perfectly-chisled
Cheeks alighting each moment to melt
My cheeks of basalt. They turned to tears,
Angels weeping over dull natures,
But didn't convince me. Those tears froze.
Each dead head had a visor of ice.

And I slept on like a bent finger.
The first thing I was was sheer air
And the locked drops rising in dew
Limpid as spirits. Many stones lay
Dense and expressionless round about.
I didn't know what to make of it.
I shone, mice-scaled, and unfolded
To pour myself out like a fluid
Among bird feet and the stems of plants.
I wasn't fooled. I knew you at once.

Tree and stone glittered, without shadows.
My finger-length grew lucent as glass.
I started to bud like a March twig:
An arm and a leg, and arm, a leg.
From stone to cloud, so I ascended.
Now I resemble a sort of god
Floating through the air in my soul-shift
Pure as a pane of ice. It's a gift.

- Sylvia Plath

Wishlist para 2008

Ter uns dias inesquecíveis contigo na Escócia

Ir de férias com os putos

Encontrar um trabalho que me permita fazer qq coisa realmente radical, sei lá, construir uma casa num local que dê jeito a todos e que fique pronta num ano que dê jeito por causa dos putos

Ir a Praga contigo com o produto da venda do Breitling (esta merda é mais séria do que tu julgas)

Marcar fixo nos 80kg

Ver o meu filhote a seguir um rumo que me stresse menos

Sentir pelo menos em 300 dias o toque da tua boca na minha sem que o Sol o testemunhe

Ter paz e alegria ao teu lado durante todo o ano sem ter que me preocupar com nada.

7.12.07

Digo-te, deve ser a sensação mais fixe que já tive. Tu e eu a virmo-nos. Todas as vezes. Para que hoje possamos apreciar um bom livro, ver um filme marcante, saborear um vinho encorpado ou entender o lugar das crianças no mundo, foi preciso muita e boa gente virem-se uns nos outros repetidas vezes, até a vontade ficar impressa num gene qualquer que caso contrário andaria bêbado nas tascas da espinal medula até ao fim dos tempos...

3.12.07

Es wird Zeit




Youme & Meyou

They build a ship each wintertime
for launch to sea before the storm

They don't just go from A to B
they go around and come around again

'cause out there's always a construction site
a Starbucks and
yet another Gugenheim

Youme knows what Meyou wants
Meyou knows what Youme wants
and it's granted

No more tassels on the hotel key
a phone line, a laptop
and a box of tangerines

They turn houses into homes
where earthquakes live with car alarms
mature mild-mannered catastrophes

They gift each other a thousand names
and take them off, take them off again
like excessive jewelry

Youme knows what Meyou wants
Meyou knows what Youme wants
and it's granted

They defend each other against the past
if the future isn't bright at least it's colorful
so burn the ship come spring

They fail, fail and try again
fall off a cliff, succeed, and fall, fall again

They have proven quite effectively
that bumblebees indeed can fly
against the field's authority

They invent each other ever anew
still they won't have a different view
of everyone or anything

Defend themselves against the whims of fate
question the statistics, accelerate
the status quo, deny the rules of gravity

But they don't use the word
once dropped it might break

They do not say that they have loved
for who can say
We were killed yesterday

Youme knows what Meyou wants
Meyou knows what Youme wants
and it's granted

Zero.

Horror ao vácuo no conceito de símbolo, nas pontas reversíveis de um gráfico que representasse a histerese da condição humana. O campo coercivo da existência cogniscente a forçar a introdução de uma variável cujo valor absoluto fosse nulo, mas sem a qual nenhuma igualdade faria sentido. À simetria, passaria a faltar o eixo, e isso não clica com as peças que sobraram.

Algo para designar nada. Como a memória que toda somada resulta num exercício sem produto, num símbolo sem sinal e que contudo persiste, perdura, existe, assoma. Algo fixo e inevitável na equação sem princípio.

Olha, o poeta vem feito fantasma de um Natal passado alourar a fritura com doses cheias du chagrin au bon vin. São horas de retomar as sebentas de engenharia.

No meio do gráfico decorre toda a nossa trama. É ali que se desvela o tango grotesco colorido a arremessos de ocarina e cerimónias. Ainda, portanto, longe da indução remanescente que irá carregar-nos (estes trocadilhos, senhores) de volta à linha fechada.

Haver um zero que sofistica o nada em nulidade parcial é como um equinócio, tanto faz desde que seja mensurável. E afinal sempre parece que o nada nunca existiu sobre esta nossa rota desde que começou a fazer sentido falar do tempo. Pode ser que a vida eterna seja acausal uma vez que, admitindo que o zero é necessário e suficiente para a orquestração do mundo, também não seria despicienda a probabilidade do indivíduo fazer de charneira (de elite, mas de elite, hã, que já chegámos bem longe) para o resto do cenário.

Será que tu sabias que a mera pronúncia de pronomes é o mais elegante corolário daquilo que comecei por escrever?

Sete palmos de escrita no céu estatístico de Pollock: lisura e movimentações obscenas, candura inconfessável no acto de gritar orgasmos, desnecessidade das restantes partes da recta real. Tudo é provado pela obrigatoriedade de representar o nada, ainda que parcialmente exacta, inefável por consequência. Gostava que fractalmente fôssemos para a cama tantas vezes quantas fizessem romper as normas do contável.
nao o sou mais do que tu, mais do que já ambos fomos.
tenho um feitio, um leito, uma rota
tenho tempo contado e hoje esse tempo é vosso
com resquicios e aparas para o mundo
sou uma recta teimosa num poema estranho em formato visual
sou uma lasca do holograma que um dia descobriu o caminho das pedras
sou aquele que ganha sentido com o sentido ganho por ti ao seres quem és
e fora disso a vida parece uma frase demasiado curta.
é isto que acho e que me faz ter tantas emoções ao viver ao teu lado.


(Burne-Jones)

In the wake of adversity

The Genius Of The Crowd

there is enough treachery, hatred violence absurdity in the average
human being to supply any given army on any given day

and the best at murder are those who preach against it
and the best at hate are those who preach love
and the best at war finally are those who preach peace

those who preach god, need god
those who preach peace do not have peace
those who preach peace do not have love

beware the preachers
beware the knowers
beware those who are always reading books
beware those who either detest poverty
or are proud of it
beware those quick to praise
for they need praise in return
beware those who are quick to censor
they are afraid of what they do not know
beware those who seek constant crowds for
they are nothing alone
beware the average man the average woman
beware their love, their love is average
seeks average

but there is genius in their hatred
there is enough genius in their hatred to kill you
to kill anybody
not wanting solitude
not understanding solitude
they will attempt to destroy anything
that differs from their own
not being able to create art
they will not understand art
they will consider their failure as creators
only as a failure of the world
not being able to love fully
they will believe your love incomplete
and then they will hate you
and their hatred will be perfect

like a shining diamond
like a knife
like a mountain
like a tiger
like hemlock

their finest art

- Charles Bukowski