19.12.2007 - 11h15 Inês Boaventura
O presidente do Metropolitanode Lisboa garantiu ontem que "estão totalmente asseguradas as condições de segurança" do troço da Linha Azul entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia, que é inaugurado hoje com um atraso de vários anos e uma derrapagem orçamental que o Governo estima em dez por cento, afirmando que o túnel é "o mais seguro do país".
A polémica em redor da segurança desta obra, onde em 2000 se registou uma infiltração de água e lama e um abatimento de terras que obrigaram a uma reformulação do projecto inicial, voltou a estalar com as declarações do presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais. Fernando Curto defendeu a importância de se fazer um simulacro de acidente no novo troço do metro antes da inauguração e lamentou que não se tenham realizado "testes de segurança como deve ser, envolvendo todos os meios de socorro".
Estas denúncias foram desmentidas pelo presidente do conselho de gerência do Metropolitano de Lisboa, que garantiu que na extensão a Santa Apolónia "foi cumprida toda a legislação em vigor" em termos de segurança, tendo-se realizado as vistorias legalmente exigíveis. A última, segundo Joaquim Reis, foi feita na passada quinta-feira pelo Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, não tendo sido detectada "nenhuma inconformidade".
O presidente do metro considera que o túnel que a partir de hoje vai ligar a Baixa-Chiado a Santa Apolónia é "o mais seguro do país", explicando que a estrutura vai ser monitorizada em permanência de forma automática para detectar "oscilações milimétricas" e está equipada com "os sistemas mais modernos que existem para detenção de algumas ocorrências e sinistros". Quanto a um simulacro de acidente, Joaquim Reis adiantou este será eventualmente realizado depois da inauguração da obra, "que é o que faz sentido para avaliar se os procedimentos e o modo de trabalho estão correctos e conformes com qualquer risco que possa haver".
O responsável adiantou que o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres emitiu "uma declaração de conformidade para a abertura do troço" e sublinhou que ao longo do tempo a obra foi tendo o aval de entidades externas como o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a empresa holandesa Tunnel Engineering Consultants. Já o tratamento anti-sísmico que foi feito nos terrenos, acrescentou Joaquim Reis, foi validado pelos técnicos António Mineiro, Maranha das Neves e Matos Fernandes.
"Se houver um sismo de grau cinco ou seis fujo para a Estação do Terreiro do Paço", afirmou ainda o presidente do conselho de gerência do Metropolitano de Lisboa, numa demonstração da sua confiança na segurança do novo troço da Linha Azul. Joaquim Reis admite que no passado houve "erros" na obra e reconhece que "o túnel tem uma avaliação do foro psicológico negativa", mas espera que as garantias que têm vindo a ser dadas pelo metro e por outras entidades tranquilizem os potenciais utilizadores.
Também o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações assegurou ontem que a extensão da Linha Azul do metro respeita todas as condições de segurança, "quer do ponto de vista de engenharia, do ponto de vista técnico, dos bombeiros, da segurança". Em declarações anteriores durante uma visita ao túnel, Mário Lino já tinha afirmado que a probabilidade de ocorrer um problema no local "é praticamente nula".
Estação fluvial em 2010
Segundo o governante, a obra estava orçada em 165 milhões de euros (a preços de 1997), mas vai custar afinal 299 milhões (a preços actualizados), o que, nas suas palavras, representa uma derrapagem orçamental "na ordem dos dez por cento". Por cumprir ficaram também promessas feitas ao longo dos anos por vários ministros da tutela, que foram adiando a abertura do troço com cerca de 2,2 km, que chegou a ser anunciada para o final de 1997.
O troço da Linha Azul entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia abre ao público às 15h de hoje, dia que as viagens em toda a rede do metro serão gratuitas, mas os trabalhos à superfície vão prolongar-se, estando previsto que a reposição do Cais das Colunas junto ao Terreiro do Paço só ocorra em Novembro de 2008. Segundo Joaquim Reis, o concurso público já foi lançado e a obra deve durar sete meses, para garantir que tudo fica "110 por cento bem".
Quanto à Estação Fluvial Sul e Sueste, o responsável manifestou o desejo de que a obra esteja concluída no primeiro semestre de 2010, embora ainda esteja a aguardar uma posição final do LNEC sobre o reforço da estrutura do edifício.
Projecto foi reformulado para garantir segurança
Depois do acidente de Junho de 2000 foram vários os governos, as administrações do Metropolitano de Lisboa e mesmo os presidentes da autarquia a garantir a segurança da ligação entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia. Para evitar uma repetição do "incidente técnico" que muitos afirmam podia ter-se transformado numa tragédia, o projecto inicial do prolongamento da Linha Azul foi reformulado e os terrenos no local foram reforçados para resistirem a um eventual sismo.
Ainda assim, a obra voltou a estar envolta em polémica no início de 2006, quando um engenheiro civil do Metropolitano de Lisboa denunciou a existência de falhas de construção nos túneis do Terreiro do Paço, Baixa--Chiado e Cais do Sodré, devido aos materiais alegadamente utilizados nestas empreitadas. Estas acusações foram desmentidas na ocasião pela empresa e pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que garantiram a segurança da infra-estrutura e explicaram que esta vai ser alvo de uma monitorização constante.
Após o acidente de 2000, na sequência do qual o túnel sofreu alguma ovalização e foi detectada uma brecha com 150 metros, uma equipa de técnicos holandeses da empresa Tunnel Engineering Consultants desenvolveu o projecto para a sua reabilitação.
Além da alteração do local de implantação da Estação do Terreiro do Paço e da remoção parcial do aterro existente na zona do entretanto desmontado Cais das Colunas, o projecto previa o reforço estrutural do túnel numa extensão de cerca de 370 metros.
Nesse sentido, e segundo foi divulgado na altura, na zona entre o Poço da Marinha a Estação do Terreiro do Paço procedeu-se à construção de uma espécie de segundo túnel dentro da infra-estrutura original, através de uma estrutura de betão armado com 40 centímetros de espessura, aumentada para 70 centímetros na soleira onde tinha sido detectada uma brecha.
Já em 2007, os terrenos onde passa o túnel do metro foram reforçados com a implantação de 188 colunas de cimento que formam uma espécie de rede, com o objectivo de garantir a segurança da área no caso de ocorrer um sismo. Estas colunas foram colocadas em terra e sob o leito do Tejo, recorrendo, de acordo com a construtora OPCA, a uma tecnologia pouco vista em Portugal e que só terá sido usada em túneis de metro três vezes em todo o mundo.
Carris altera 14 carreiras
A Carris vai avançar no dia 5 de Janeiro com a segunda fase da renovação da sua rede, na sequência da entrada em funcionamento da extensão da Linha Azul do Metropolitano de Lisboa a Santa Apolónia.
"Melhorar a articulação entre a Carris e o Metropolitano de Lisboa, numa lógica de rede integrada de transportes de que Lisboa dispõe", é, segundo o presidente do conselho de administração da Carris, o principal das alterações que vão ser introduzidas em 14 carreiras. Silva Rodrigues sublinha que esta segunda fase da chamada Rede 7 "não visa reduzir o número de carreiras e de autocarros que circulam na cidade", mas sim "melhorar a sua afectação", e garante que, "se necessário", a Carris "fará os ajustamentos que se venham a revelar convenientes".
No dia 5 de Janeiro vai ser suprimida a carreira 90, que faz a ligação entre Santa Apolónia e Entrecampos nas horas de ponta dos dias úteis, mas a empresa garante que "o seu percurso está integralmente coberto pelo metropolitano" e que à superfície o seu trajecto é assegurado pela carreira 745. A Carris vai ainda alterar a frequência das carreiras de autocarros 36, 60, 714, 58 (que passa a designar-se 758) e do eléctrico 25.
A segunda fase da Rede 7, que teve parecer positivo da Câmara Municipal de Lisboa, inclui ainda a modificação do percurso das carreiras 2, 6, 9, 713, 45, 746, 81 e 82. A designação de todas estas carreiras passa a ter três dígitos e a ser iniciada com o algarismo sete.
Acidente
Foi por volta das 11h45 de 9 de Junho de 2000 que um dos operários que se encontravam a trabalhar no túnel entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia se dirigiu, "em pânico", a um dos responsáveis da obra. "Está a entrar muita água e lama dentro do túnel", ter-lhe-á dito na altura, segundo um relato escrito por um engenheiro que fiscalizava. OP"incidente técnico", como o classificou o então ministro do Equipamento Social Jorge Coelho.
O túnel
A abertura de um furo com 15 centímetros de diâmetro numa aduela originou, nas palavras de um administrador do metro na altura, "uma entrada descontrolada de águas e lamas no túnel", à qual se seguiu um abatimento de terras na Avenida do Infante D. Henrique junto à estação fluvial. O acidente obrigou ao encerramento de várias estações de metro, à interrupção da circulação rodoviária entre o Cais do Sodré e o Campo das Cebolas e à deslocação dos barcos que asseguravam a travessia entre as duas margens. Para travar a entrada de mais água no túnel e novos abatimentos de terras, foram erguidas na zona afectada - com cerca de 300 metros, 100 dos quais ficaram alagados - duas paredes em betão, cujo espaço vazio no interior foi preenchido com água para estabilizar a área.
José Sá Fernandes
Dois anos antes, o advogado José Sá Fernandes alertara para a possibilidade de ocorrer um acidente nas obras em curso no Terreiro do Paço, numa acção popular que moveu contra o Metropolitano e os empreiteiros por estes terem avançado com os trabalhos numa zona sísmica sem autorização da câmara, do Ippar e da Protecção Civil. Os tribunais decretaram a paragem da obra, decisão que o metro foi adiando até finalmente entregar os documentos requeridos. Este alerta, tal como um outro do LNEC dando conta da instabilidade da zona e recomendando que se procedesse a uma investigação geotécnica adicional, foram desvalorizados pelo metro. Aliás, em 1998, o Metropolitano tinha admitido que a permanência do aterro criado no Cais das Colunas por um período superior ao previsto podia ter efeitos negativos na zona.
Jorge Coelho
Jorge Coelho garantiu que no seu ministério "a culpa não morre solteira", e atribuiu a responsabilidade pelo sucedido ao empreiteiro. Um ano depois, o consórcio Metropaço foi ilibado de responsabilidades por via de um acordo com a administração do Metropolitano. A mais recente averiguação à obra foi feita pelo Tribunal de Contas em 2004, dizia que a informação geológica e geotécnica dava conta da permeabilidade do solo, mas que no projecto não havia referências a esse risco.
A polémica em redor da segurança desta obra, onde em 2000 se registou uma infiltração de água e lama e um abatimento de terras que obrigaram a uma reformulação do projecto inicial, voltou a estalar com as declarações do presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais. Fernando Curto defendeu a importância de se fazer um simulacro de acidente no novo troço do metro antes da inauguração e lamentou que não se tenham realizado "testes de segurança como deve ser, envolvendo todos os meios de socorro".
Estas denúncias foram desmentidas pelo presidente do conselho de gerência do Metropolitano de Lisboa, que garantiu que na extensão a Santa Apolónia "foi cumprida toda a legislação em vigor" em termos de segurança, tendo-se realizado as vistorias legalmente exigíveis. A última, segundo Joaquim Reis, foi feita na passada quinta-feira pelo Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, não tendo sido detectada "nenhuma inconformidade".
O presidente do metro considera que o túnel que a partir de hoje vai ligar a Baixa-Chiado a Santa Apolónia é "o mais seguro do país", explicando que a estrutura vai ser monitorizada em permanência de forma automática para detectar "oscilações milimétricas" e está equipada com "os sistemas mais modernos que existem para detenção de algumas ocorrências e sinistros". Quanto a um simulacro de acidente, Joaquim Reis adiantou este será eventualmente realizado depois da inauguração da obra, "que é o que faz sentido para avaliar se os procedimentos e o modo de trabalho estão correctos e conformes com qualquer risco que possa haver".
O responsável adiantou que o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres emitiu "uma declaração de conformidade para a abertura do troço" e sublinhou que ao longo do tempo a obra foi tendo o aval de entidades externas como o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a empresa holandesa Tunnel Engineering Consultants. Já o tratamento anti-sísmico que foi feito nos terrenos, acrescentou Joaquim Reis, foi validado pelos técnicos António Mineiro, Maranha das Neves e Matos Fernandes.
"Se houver um sismo de grau cinco ou seis fujo para a Estação do Terreiro do Paço", afirmou ainda o presidente do conselho de gerência do Metropolitano de Lisboa, numa demonstração da sua confiança na segurança do novo troço da Linha Azul. Joaquim Reis admite que no passado houve "erros" na obra e reconhece que "o túnel tem uma avaliação do foro psicológico negativa", mas espera que as garantias que têm vindo a ser dadas pelo metro e por outras entidades tranquilizem os potenciais utilizadores.
Também o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações assegurou ontem que a extensão da Linha Azul do metro respeita todas as condições de segurança, "quer do ponto de vista de engenharia, do ponto de vista técnico, dos bombeiros, da segurança". Em declarações anteriores durante uma visita ao túnel, Mário Lino já tinha afirmado que a probabilidade de ocorrer um problema no local "é praticamente nula".
Estação fluvial em 2010
Segundo o governante, a obra estava orçada em 165 milhões de euros (a preços de 1997), mas vai custar afinal 299 milhões (a preços actualizados), o que, nas suas palavras, representa uma derrapagem orçamental "na ordem dos dez por cento". Por cumprir ficaram também promessas feitas ao longo dos anos por vários ministros da tutela, que foram adiando a abertura do troço com cerca de 2,2 km, que chegou a ser anunciada para o final de 1997.
O troço da Linha Azul entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia abre ao público às 15h de hoje, dia que as viagens em toda a rede do metro serão gratuitas, mas os trabalhos à superfície vão prolongar-se, estando previsto que a reposição do Cais das Colunas junto ao Terreiro do Paço só ocorra em Novembro de 2008. Segundo Joaquim Reis, o concurso público já foi lançado e a obra deve durar sete meses, para garantir que tudo fica "110 por cento bem".
Quanto à Estação Fluvial Sul e Sueste, o responsável manifestou o desejo de que a obra esteja concluída no primeiro semestre de 2010, embora ainda esteja a aguardar uma posição final do LNEC sobre o reforço da estrutura do edifício.
Projecto foi reformulado para garantir segurança
Depois do acidente de Junho de 2000 foram vários os governos, as administrações do Metropolitano de Lisboa e mesmo os presidentes da autarquia a garantir a segurança da ligação entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia. Para evitar uma repetição do "incidente técnico" que muitos afirmam podia ter-se transformado numa tragédia, o projecto inicial do prolongamento da Linha Azul foi reformulado e os terrenos no local foram reforçados para resistirem a um eventual sismo.
Ainda assim, a obra voltou a estar envolta em polémica no início de 2006, quando um engenheiro civil do Metropolitano de Lisboa denunciou a existência de falhas de construção nos túneis do Terreiro do Paço, Baixa--Chiado e Cais do Sodré, devido aos materiais alegadamente utilizados nestas empreitadas. Estas acusações foram desmentidas na ocasião pela empresa e pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que garantiram a segurança da infra-estrutura e explicaram que esta vai ser alvo de uma monitorização constante.
Após o acidente de 2000, na sequência do qual o túnel sofreu alguma ovalização e foi detectada uma brecha com 150 metros, uma equipa de técnicos holandeses da empresa Tunnel Engineering Consultants desenvolveu o projecto para a sua reabilitação.
Além da alteração do local de implantação da Estação do Terreiro do Paço e da remoção parcial do aterro existente na zona do entretanto desmontado Cais das Colunas, o projecto previa o reforço estrutural do túnel numa extensão de cerca de 370 metros.
Nesse sentido, e segundo foi divulgado na altura, na zona entre o Poço da Marinha a Estação do Terreiro do Paço procedeu-se à construção de uma espécie de segundo túnel dentro da infra-estrutura original, através de uma estrutura de betão armado com 40 centímetros de espessura, aumentada para 70 centímetros na soleira onde tinha sido detectada uma brecha.
Já em 2007, os terrenos onde passa o túnel do metro foram reforçados com a implantação de 188 colunas de cimento que formam uma espécie de rede, com o objectivo de garantir a segurança da área no caso de ocorrer um sismo. Estas colunas foram colocadas em terra e sob o leito do Tejo, recorrendo, de acordo com a construtora OPCA, a uma tecnologia pouco vista em Portugal e que só terá sido usada em túneis de metro três vezes em todo o mundo.
Carris altera 14 carreiras
A Carris vai avançar no dia 5 de Janeiro com a segunda fase da renovação da sua rede, na sequência da entrada em funcionamento da extensão da Linha Azul do Metropolitano de Lisboa a Santa Apolónia.
"Melhorar a articulação entre a Carris e o Metropolitano de Lisboa, numa lógica de rede integrada de transportes de que Lisboa dispõe", é, segundo o presidente do conselho de administração da Carris, o principal das alterações que vão ser introduzidas em 14 carreiras. Silva Rodrigues sublinha que esta segunda fase da chamada Rede 7 "não visa reduzir o número de carreiras e de autocarros que circulam na cidade", mas sim "melhorar a sua afectação", e garante que, "se necessário", a Carris "fará os ajustamentos que se venham a revelar convenientes".
No dia 5 de Janeiro vai ser suprimida a carreira 90, que faz a ligação entre Santa Apolónia e Entrecampos nas horas de ponta dos dias úteis, mas a empresa garante que "o seu percurso está integralmente coberto pelo metropolitano" e que à superfície o seu trajecto é assegurado pela carreira 745. A Carris vai ainda alterar a frequência das carreiras de autocarros 36, 60, 714, 58 (que passa a designar-se 758) e do eléctrico 25.
A segunda fase da Rede 7, que teve parecer positivo da Câmara Municipal de Lisboa, inclui ainda a modificação do percurso das carreiras 2, 6, 9, 713, 45, 746, 81 e 82. A designação de todas estas carreiras passa a ter três dígitos e a ser iniciada com o algarismo sete.
Acidente
Foi por volta das 11h45 de 9 de Junho de 2000 que um dos operários que se encontravam a trabalhar no túnel entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia se dirigiu, "em pânico", a um dos responsáveis da obra. "Está a entrar muita água e lama dentro do túnel", ter-lhe-á dito na altura, segundo um relato escrito por um engenheiro que fiscalizava. OP"incidente técnico", como o classificou o então ministro do Equipamento Social Jorge Coelho.
O túnel
A abertura de um furo com 15 centímetros de diâmetro numa aduela originou, nas palavras de um administrador do metro na altura, "uma entrada descontrolada de águas e lamas no túnel", à qual se seguiu um abatimento de terras na Avenida do Infante D. Henrique junto à estação fluvial. O acidente obrigou ao encerramento de várias estações de metro, à interrupção da circulação rodoviária entre o Cais do Sodré e o Campo das Cebolas e à deslocação dos barcos que asseguravam a travessia entre as duas margens. Para travar a entrada de mais água no túnel e novos abatimentos de terras, foram erguidas na zona afectada - com cerca de 300 metros, 100 dos quais ficaram alagados - duas paredes em betão, cujo espaço vazio no interior foi preenchido com água para estabilizar a área.
José Sá Fernandes
Dois anos antes, o advogado José Sá Fernandes alertara para a possibilidade de ocorrer um acidente nas obras em curso no Terreiro do Paço, numa acção popular que moveu contra o Metropolitano e os empreiteiros por estes terem avançado com os trabalhos numa zona sísmica sem autorização da câmara, do Ippar e da Protecção Civil. Os tribunais decretaram a paragem da obra, decisão que o metro foi adiando até finalmente entregar os documentos requeridos. Este alerta, tal como um outro do LNEC dando conta da instabilidade da zona e recomendando que se procedesse a uma investigação geotécnica adicional, foram desvalorizados pelo metro. Aliás, em 1998, o Metropolitano tinha admitido que a permanência do aterro criado no Cais das Colunas por um período superior ao previsto podia ter efeitos negativos na zona.
Jorge Coelho
Jorge Coelho garantiu que no seu ministério "a culpa não morre solteira", e atribuiu a responsabilidade pelo sucedido ao empreiteiro. Um ano depois, o consórcio Metropaço foi ilibado de responsabilidades por via de um acordo com a administração do Metropolitano. A mais recente averiguação à obra foi feita pelo Tribunal de Contas em 2004, dizia que a informação geológica e geotécnica dava conta da permeabilidade do solo, mas que no projecto não havia referências a esse risco.
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