7.2.07

Rodrigo Adão da Fonseca, no Blue Lounge, escreve hoje


Fico com a sensação que o PS foi preguiçoso, deixou-se arrastar pelo estilo festivo e mediático, mas ao mesmo tempo vazio, de uma esquerda mais dogmática, convencido que bastaria acenar com a "tese penal" para que os portugueses corressem atrás do "Sim". Só que, passado o brilho dos foguetes, ficou claro que em Portugal, por aborto, só há mulheres algemadas e presas nos tempos de antena do Bloco de Esquerda, e que a previsão criminal, nos termos em que ela se assume, sendo desajustada, acaba por ser, friso, para boa parte do eleitorado, uma questão menor face às causas do aborto, aquelas que verdadeiramente são fonte de preocupação: a pobreza, a ignorância, as dificuldades que os jovens têm hoje em formar família, a ansiedade e o medo no futuro, o machismo que reprime as mulheres e as condena a soluções que contrariam a sua vontade. Questões para as quais o poder político não foi – nem tem sido – capaz de conjugar respostas.

Sem comentários: