"Não olhes para trás, o fim é sempre um príncipio para todos aqueles que nasceram com asas...
Os prados eram azuis porque a luz do azul da manhã não deixava existir outra cor. As azedas que cobriam os campos, as papoilas. Noutras alturas o trigo crescido e nós em sonhos a correr e a fazer nascer seres por entre o trigo crescido. Os nossos sonhos são sempre da intensidade desse azul, em qualquer momento do dia, em qualquer estação, com qualquer luz ou escuridão, em qualquer idade.
É lindo quando temos 15 anos e cantamos ‘somewhere over the rainbow’, mas ainda que visualmente muito menos belo, tem a mesma beleza quando a cantamos aos 80. Temos algo em nós, criado entre a memória do riso e a força de cada sonho a nascer, que nos fará sempre acreditar que num qualquer lugar, muito além do arco-íris...
Sabemos depois todas as histórias, nossas e dos outros, e os nossos lugares de infância misturam-se com Combray, e com todas as imagens e lugares das personagens que passaram a viver connosco. Sabemos mais que bem (o feiticeiro de oz, Peter Camezind, O que diz molero) que todas as voltas ao mundo que dermos nos trazem ao mesmo e único lugar: o primeiro, o nosso.
Mas nada disso toca a força de cada sonho novo a nascer, como nenhuma conquista alguma vez tocará a nossa aspiração.
É este o barro, em que as palavras e as ideias ficam sempre à flor da pele, e são as emoções que ditam, sempre, sempre, cada derrocada e cada erguer do nada. Por mais que nos digamos velhos, corroídos pela desilusão, somos sobretudo e sempre um fantoche nas mãos da ilusão."
(não é meu, é aqui da alice)
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