Queria responder sem cortes ao comentário da minha querida sócia, conviva e co-forense Isabel, e como tal aqui fica o post... :)
Nunca poria tal hipótese salvo nas circunstâncias bem previstas pela actual Lei.
A questão tem de ser vista conexa com as que a antecedem e sucedem, respectivamente a prevenção e o pós-traumático. Ora,
Começando pelo fim não podemos assumir que todas ou sequer uma maioria de mulheres padeceria de peso na consciência por realizar um aborto; mais,
Não existe em Portugal e no cidadão médio a qualificação cultural, humana e académica, que permita àquele(a) ajuizar com boa fé e valor lúcido o erro em que incorre e as consequências do mesmo,
Isto dito do acto de engravidar, tal como do aborto em si.
Mais ainda se sabe que o Português é por norma irresponsável, libertino, rude e pouco preocupado com a segurança dos seus pares, o que se atesta pelos índices de criminalidade violenta, morte nas estradas, burla, fraude, impunidade institucional e demais agressões ao Estado de Direito.
É líquido daqui admitir que somente uma pequena fracção das mulheres sofreriam psicologicamente com um aborto.
Comentando a tentativa de conferir, ao comum dos mortais, poderes de clarividência quanto aos anos vindouros do nascituro, será no mínimo inconsciente assomar com tal hipótese, dado que, quem engravidou sem querer, nem sequer foi capaz de prever esse mesmo evento, quanto mais preveria algo tão imponderável como (em potencial) cem anos de uma vida que não lhe pertence. Em política seria quase demagógico aventar tal coisa.
É mais ou menos isto, para já...
Resta reafirmar que o dever para com aqueles que por nós vieram, e de nós se fizeram, se sobrepõe de forma irrecorrível à nossa própria comodidade, desejos e projectos.
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