13.6.07

(última composição do Rui Veloso que me marcou; daí em diante, a oferenda ao PS esvaziou-o do brilho que, aqui, ainda se consegue ver sem qualquer dificuldade. mas isso agora não interessa para nada, é do sono, de autocarros e de gentalha - regardless do aparato sociointelectual - que falamos, e acima de tudo, que falamos)

((os bolds são))

(((naturais)))


Guardador de Margens

Enquanto a cidade inteira vai digerindo o seu jantar
E todas as ruas e praças se lavam com essęncia de luar
Enquanto as estátuas famosas bebem brandes e aveledas
E as tílias se entreolham meigamente nas alamedas
Vou guardando as margens
Velando os lírios do jardim
Enquanto a meia-noite encerra mais uma sessăo
O senso comum ressona tranquilo e pesado no colchăo
Enquanto a cidade inteira lava os dentes e faz toilete
E os taxistas recolhem as sombras que restam da noite
(refrăo 2x)
Enquanto a luz do promontório ensina a costa ao barqueiro
E arde o rum forte no zimbório e traz lucidez ao faroleiro
Vou pondo malha sobre malha com o labor de um tapeceiro
Palavra, acorde, o som, a talha e a devoçăo de um mestre oleiro
(refrăo 2x)
Enquanto a cidade inteira vai feliz na sua faina
E o sol boceja na ladeira o som do martelo e da plaína
Saúdo a bruma e o orvalho e a luz do dia madrugado
Guardo as cartas no baralho meu sono é enfim chegado
(refrăo )

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