29.1.08

Quero escrever-te muitas coisas e sei que isso vai causar-te um aperto no peito porque, não podendo lê-las com atenção, ficarás irritada. E para lê-las como talvez quisesses, não poderás dividir-te mais do que já estás durante o dia. E assim ficam muitas sensações por relatar, pensamentos e tropeções por partilhar, porque ao final da tarde já só vejo o teu rosto, já só me interessam os teus lábios e os beijos que deles saem, e porque a paz que extraímos dum abraço à volta dos livros (sejam livros os nossos filhos com páginas que nunca viramos) é dominante sobre as marcas que o mundo nos fez hoje.
Por isso fico entupido, por me afogar nas curvas das tuas nádegas, quando o perfume com que afirmas "existo e sou tua!" atropela as coisas todas, das quais primeiramente pensamos servirem para unir um homem e uma mulher, mas depois se deixam ir para que no dia, semana, mês seguinte sejam marcas d'água à medida que outras certezas lhes sobrevêm. E depois é beijarmo-nos e adormecer com a paixão às vezes aplacada, mas saber sempre o quanto queria ter-te escrito mais coisas, tê-las gravado com a boca no mesmo ar que respiras.

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