29.1.05

Sétima Instância, Livro Segundo



João César das Neves,

a prova acabada em como devemos separar os diversos aspectos de um indivíduo.


- Qual é critério que utiliza para comprar os livros para os seus filhos?

Conversamos muito...neste momento há muitos livros que nós já lemos quando tínhamos a idade deles e que é importante eles lerem. Também conversamos muito com eles sobre os temas que lhes interessam. Às vezes vamos lendo os livros que eles querem ler para ver se são boas escolhas, para depois conversámos com eles. Tem que ser muito da decisão deles, não podemos ser nós a impor...

- Respeita o interesse deles, é isso?

Tem que ser muito do interesse deles, mas não podemos deixá-los à solta a ler “qualquer coisa”.

- Concorda que a quantidade de livros publicados, dificulta um bocadinho a escolha dos pais?

Sim. Isso implica que haja muito trabalho e acompanhamento da parte dos pais. Por isso é que uma iniciativa como a vossa é importante, até para os pais saberem o que vai aparecendo. Falando de coisas concretas. Por exemplo, «O senhor dos anéis» e o «Harry Potter» são livros que todos os miúdos andam a ler. Mas são duas realidades diferentes. «O senhor dos anéis» é uma obra clássica da literatura, aí não temos problemas nenhuns; já o «Harry Potter» quando apareceu tivemos que fazer algum trabalho para ver como é que aquilo era. No final das leituras tivemos que conversar com eles, já que claramente este é um livro mais comercial, com muito menos interesse cultural. Há uma grande atracção, proibir não dá o melhor resultado , mas tem que se acompanhar.


- Essencialmente defende um trabalho de acompanhamento que os pais devem fazer às leituras dos mais novos?

Sim, tem que ser com muito acompanhamento. Depois de vez em quando falamos de assuntos, sugerimos este ou outro livro que seja assim mais engraçado. Oferecemos os livros dos Santos patronímicos deles. Para lerem as vidas dos santos...às vezes tentamos puxá-los para outros tipos de leituras. Mas também não podemos estar muito pressionados com isso. E depois é preciso saber ceder porque os jogos de computador e a televisão são muito atraentes e resistir nessas coisas é capaz de não ser lá muito boa ideia. Tem que ser mais pelo exemplo do que pela proibição.

- Tem preocupações sociais na sua forma de ver o mundo?

Se tenho uma preocupação é a de olhar o mundo à nossa volta de maneira diferente. Da maneira como Cristo olha, e que é essencialmente isto: mudar o assunto do mundo. Nós hoje somos muito chamados a fazer aquilo que o mundo faz, mas de maneira diferente. Mas não é essa a nossa função! Nós não somos iguais aos outros nem melhores. Não! Nós somos outra coisa, nós pertencemos a um “Homem Novo”. Não é fazer aquilo que o mundo quer que a gente faça, (também é, claro!), mas antes pensar essencialmente num outro mundo. Estamos aqui mas não somos daqui! É isso que eu tento basicamente apresentar quando escrevo: formas de olhar para o mundo que façam ver aquela face que o dia-a-dia não permite contemplar! E depois não é para fazermos coisas diferentes. É para continuarmos a andar nos autocarros como toda a gente, almoçar como os outros, e trabalhar como todas as pessoas...




Holy fuck.

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