19.1.05

Esta aconteceu ao Zé na semana passada.

O Zé está ao telemóvel na rua.
Vem um gajo por trás e tira-lho.
O Zé pensa que é um amigo.
Vira-se.
Não é um amigo, é um tipo qualquer que fica ali parado a olhar para o Zé com o telemóvel dele na mão.
O gajo começa a recuar.
O Zé não é hercúleo nem de porte medonho, é alto e careca mas é só isso.
O Zé entra numa de mediador a la Eddie Murphy e diz "dá cá o telemóvel" ad nauseam.
O outro continua a recuar e, ostentando vetusto basalto na mão esquerda, vira-se para o Zé e diz "olha que eu dou-te com o calhau".
O Zé retém a têmpera heróica e continua a avançar.
O basalto alça vôo, falhando a genitália do Zé por poucos nanometros.
Sagaz e arguto, o Zé pega no mineral e enceta imediata perseguição ao energúmeno.

E é aqui que o impossível acontece.

Gente que aqui anda, tentem visualizar tapem a boca se estiverem a comer banana, chocolates ou pastilhas para a garganta.

O gajo pára e diz para o Zé, com um ar sério: "pronto, eh pá, vá, vá lá; dá-me cá o calhau; toma lá o telemóvel". DÁ-ME CÁ O CALHAU, sublinho eu!

O Zé pega no zingarelho, guarda o calhau e deixa o pusilânime ir-se embora... não sem antes o telemóvel tocar, arauto da comédia da vida.

Porra, nunca me tinha espojado a rir num elevador de hospital.

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