Afinal, passou, como sempre foi claro que iria passar. Mais um bloqueio, mais uma travessia pelas dunas deste Kalahari do cansaço. Exaustão; afinal as grandes travessias, sobretudo as que se levam a cabo sem mapa, por terras de brenha, são as que mais cansam - quando não tratam de vez da canseira.
Desta vez, a branca fez-se morcego de outras curvas. Palmípede sucinta, a salina à beira do éter ergueu paliçadas por mais de um mês. Faz algum sentido, é amanhã que se fecha o círculo de purga, o anel de fogo da idade crucibunda.
Sair por baixo e entrar por cima. As brancas foram notáveis qb para que tenham ficado anotadas, todas e cada uma, para memória futura. As brancas estão cá e aparecem nos sítios correctos, nos pontos esperados, na dimensão postulada em tempo útil.
É talvez época de sanyasa a que por aqui aterra. Presunção ou humildade, a verdade é que tudo me passa ao lado e nada me deixa indiferente. Sentado a roer vegetais com massinha na chapa quente, a percepção que dantes me fugia ao controle agora maquina como uma gadanha bem oleada nas mãos de um andróide futurista. Voam pedaços, saltam fragmentos, não me identifico com nenhuma das conversas que trespassam o sossego alimentício.
E no entanto, parece que agora exalo mais informação mediante um esforço menor e menos consciente.
E renegar, sempre renegar quem pregue que é errado estimar o indivíduo. Quando morre o indivíduo, morre uma forma única de amar o Universo. Ao colectivo não pode ser permitido que venha solicitar o sacrifício da mente, da habilidade, e do rasgo em nome da distribuição equitativa da produtividade. Todos sabemos quanto vale a média desta espécie. Todos sabemos em que se transformam o saber e o brilho da criatividade quando entregues às gânfias hirsutas dos salteadores.
Ir por dentro ser coisa ímpar a troco de nada. É o ajuste que faltava. Não é?
Deve ter sido o ano mais repleto da minha vida.
Ergue-se-me a alvorada do coração só de pensar, levemente, nas portas que se abrem.
Foram dados passos.
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