4.4.05

O Guia da Condução por Cores

Socialista
Conduz movido por complexos de inferioridade. Pára em todas as rotundas, independentemente de vir alguém ou não. Se não vier, poderia sempre dar-se o caso de vir. Mais vale empatar todo o trânsito atrás de si do que faltar ao respeito ao próximo, mesmo que o próximo ainda venha a 500 metros.
Abranda 100 metros antes de arrumar em espinha, por precaução, não vá sem querer arranhar algum carro parado, ou passar a ferro um transeunte incauto que se atire para o meio da faixa naquele exacto instante.
Usa sempre os piscas, sobretudo dentro das referidas rotundas, na direcção em que se move, para indicar que vai mesmo ali.

Social-democrata
Façam o que ele diz e não o que ele faz. Preconiza normas de teor evolutivo, progressista e tecnocrata, cria oportunidades e identifica correctamente e de forma proactiva as peculiaridades do mercado, com particular ênfase nos pormenores do conforto, eficiência e cost-effectiveness.
É exímio na arte do detachment.
O que conta mesmo é o calibre da máquina onde se faz transportar, o resto pode ser visto mais tarde, tudo a seu tempo.
É assinalável primariamente nas autoestradas, é sempre aquele que tem a mania de abrir os máximos quando quer ir a mais 5 km/h que o da frente.

Comunista
Conduz o carro como se andasse de metro ou de comboio, ou seja, com uma mão agarrada às pegas laterais (onde se penduram os casaquinhos) e a outra às apalpadelas.
Postura facial obtusa, no sentido geométrico do termo: ângulo de visão com naso-elevação marcadamente prognata, mandíbula inferior a condizer com o trejeito, cervical um tudo-nada encurvada no sentido da velocidade do vento.
Arruma em terceira faixa porque quem paga parquímetros são os esbirros da cúria economicista.

Democrata-Cristão
A sua cabeça parece um radar militar, projecta a presença e o olhar em redor como que a anunciar que sabe o que está a fazer, pesem embora os anos e a gravata à bimbo.
Na tampa da mala, terá a) uma cruz de Cristo, b) a bandeira do Reino, c) um autocolante da Penélope ou d) o logotipo do Correio da Manhã.
Inexcedível em trajectória rectilínea e sem muitos apelos à criatividade, como semáforos, passadeiras, pessoas.

Bloquista
Compra sapatos de pele sintética feitos à base de cascas de tâmara, e com o dinheiro que poupa dedica-se a subcontratar grosas de recém-licenciados, aos quais paga mais 15, quinze! por cento do que a média, ou seja 690 euros brutos, para que transcrevam de variadíssimas formas a encefalorreia que o toma de assalto na demanda por um mundo melhor, livre de injustiças e seguro para todos, a começar pelos que ainda não sabem falar, estando na barriga da mãe, e a quem é preciso garantir que a ser cortados às postas, que o sejam com instrumentos de inox primeira qualidade.

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