H. P. Lovecraft escreveu que uma das maiores fortunas da espécie humana é possuir uma mente incapaz de correlacionar todos os dados que os sentidos presenciam. A ser de outra forma, o destino de todos nós seria ensandecer perante a grandeza da urdidura cósmica.
Ou, como vi rabulado pelos Gato Fedorento (evocando em mim memórias vívidas dos tempos que passei a trabalhar asfixiado numa multinacional), "ó homem, se pensamos nisso ficamos malucos", aplique-se isto a qualquer raciocínio mais elaborado e responsável do que meter um totoloto à sexta-feira.
Ora a luz ao fundo do túnel, em Portugal, ilumina nada menos do que a antecâmara do oitavo inferno Dantesco; empenhada que está a inteligência das próximas cinco ou dez gerações, resta recompensar a mediocridade colorindo-a com tons dourados, num género hodierno de idolatria bovina.
"Rome" é uma co-produção HBO/BBC, bem conseguida, cujos primeiros 12 episódios pudemos ver durante estas férias. Neles encontrei, até agora, cinco evidências da mais grosseira incompetência por parte do tradutor, cujo trabalho me inspira tal preguiça que não posso imaginar que tenha mais do que 25 ou 30 anos de idade e um absoluto vácuo de cultura geral - o que foi Tebas
Ficamos a saber que "a irmandade de Miller" (dos moleiros) fez muito pão aquando da partida de César para a Grécia em perseguição a Pompeu; que o falo de Vulcão ("Vulcan's dick", ou a picha de Vulcano porque os legionários não teriam todos sido grandes eruditos no que ao uso do vernáculo concerne) era quente; ainda que havia conhecimento da Tabela Periódica de Mendeleev, já que o plutónio ("Plutonic Ether") fazia inchar cadáveres no mar, e em pleno Egipto, rodeados de esfinges e camelos, dois romanos comentavam haver ali muitos ciganos ("gippos", bom exemplo de extrapolação do calão da época para o idioma da produção, e que para o tradutor não pode significar egípcios...) e ainda outro Miller, decerto primo dos primeiros.
O tradutor é incompetente e aposto o soldo desta campanha em como teve sempre boas notas na escola e até lhe terão dado um papel onde se pode ler que é licenciado. Mas é ignorante, e pior, não tem a faculdade de interpretar correctamente o mundo que o rodeia. Que lhe paguem e ainda haja quem não dê pela fraude, é um sinal muito claro do vazio em que estamos.
Ou, como vi rabulado pelos Gato Fedorento (evocando em mim memórias vívidas dos tempos que passei a trabalhar asfixiado numa multinacional), "ó homem, se pensamos nisso ficamos malucos", aplique-se isto a qualquer raciocínio mais elaborado e responsável do que meter um totoloto à sexta-feira.
Ora a luz ao fundo do túnel, em Portugal, ilumina nada menos do que a antecâmara do oitavo inferno Dantesco; empenhada que está a inteligência das próximas cinco ou dez gerações, resta recompensar a mediocridade colorindo-a com tons dourados, num género hodierno de idolatria bovina.
"Rome" é uma co-produção HBO/BBC, bem conseguida, cujos primeiros 12 episódios pudemos ver durante estas férias. Neles encontrei, até agora, cinco evidências da mais grosseira incompetência por parte do tradutor, cujo trabalho me inspira tal preguiça que não posso imaginar que tenha mais do que 25 ou 30 anos de idade e um absoluto vácuo de cultura geral - o que foi Tebas
Ficamos a saber que "a irmandade de Miller" (dos moleiros) fez muito pão aquando da partida de César para a Grécia em perseguição a Pompeu; que o falo de Vulcão ("Vulcan's dick", ou a picha de Vulcano porque os legionários não teriam todos sido grandes eruditos no que ao uso do vernáculo concerne) era quente; ainda que havia conhecimento da Tabela Periódica de Mendeleev, já que o plutónio ("Plutonic Ether") fazia inchar cadáveres no mar, e em pleno Egipto, rodeados de esfinges e camelos, dois romanos comentavam haver ali muitos ciganos ("gippos", bom exemplo de extrapolação do calão da época para o idioma da produção, e que para o tradutor não pode significar egípcios...) e ainda outro Miller, decerto primo dos primeiros.
O tradutor é incompetente e aposto o soldo desta campanha em como teve sempre boas notas na escola e até lhe terão dado um papel onde se pode ler que é licenciado. Mas é ignorante, e pior, não tem a faculdade de interpretar correctamente o mundo que o rodeia. Que lhe paguem e ainda haja quem não dê pela fraude, é um sinal muito claro do vazio em que estamos.
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