24.9.08

Para quê mais vagas?

Lendo no Público de hoje que sobram vagas em vários cursos, entre eles Medicina e Arquitectura, sinto-me como perante uma folha de papel em branco. A banalidade medíocre das notícias, escritas pela rama, é o espelho do cerne acrítico que compõe hoje a massa humana em Portugal.

É pois natural que sobrem vagas: a infantiização dos alunos leva a que, num primeiro patamar, cheguem ao secundário habituados a raciocinar em termos de cores, formas geométricas, e outras alegorias próprias da puericultura. E depois, que cheguem ao superior pejados de laxismo, sem saber dividir 200 por 20 sem recorrer a uma calculadora, ou sem perceber que 2x = 45 é o mesmo que 45/2 = x (dados reais, obtidos empiricamente através de alunos que me passaram pelas mãos).

A investigação científica é hoje um pandemónio, entre bolsas da FCT que nunca mais chegam e cujo montante e regras de atribuição não permitem aos bolseiros uma vida condigna, chegando a ganhar menos em euros brutos e menos em meses por ano do que um caixa de supermercado; ademais, em 2006 havia faculdades onde, apesar de nada faltar à encrustada classe docente (são sempre os mesmos, ou seus correligionários que aturem a moléstia durante 30 anos até chegar a sua vez), chegou a faltar budget para papel higiénico.

E nada como rematar com a constatação de que uma larga maioria de licenciados pura e simplesmente não vai ter trabalho, uma vez que o sistema enferma, como sabemos, de nepotismo além da já clássica "fractalidade" que traduzida para o inglês, ficaria algo como "nobody's running the fucking show".


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