12.4.07

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Dentro de poucos dias, todos seremos democraticamente chamados a decidir sobre os destinos de Portugal. Para uma decisão consciente e informada, convirá que, para além das afinidades partidárias ou das simpatias pessoais e da apreciação dos programas de governo de cada um dos partidos, atendamos ao currículo dos seus dirigentes.

Limitemos a observação à vida e obra dos dois principais candidatos: José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa e Pedro Santana Lopes. Leia-se, para o efeito, o que cada um deles disponibiliza na página oficial do seu partido na Internet.

José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, nasceu em «Vilar de Maçada, concelho de Alijó, Distrito de Vila Real, em 06.09.1957». Sobre a família nada diz, se é casado, solteiro ou divorciado e se tem filhos e quantos. Pedro Santana Lopes diz-nos que «nasceu em Lisboa, a 29 de Junho de 1956, e é pai de 5 filhos».

Quanto a habilitações académicas, José Sócrates é «licenciado em Engenharia Civil» e «concluiu depois uma pós-graduação em Engenharia Sanitária, na Escola Nacional de Saúde Pública». Não sabemos com que classificações. Santana Lopes diz-nos que «em 1978 termina o curso de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com média de 15 valores».

No que concerne à actividade profissional, José Sócrates nada nos diz. Na página da Assembleia da República apresenta-se como Engenheiro Civil, mas ficamos sem saber se alguma vez, onde e como exerceu tal profissão. Santana Lopes diz-nos ser «investigador do Instituto de Direito Europeu e do Instituto para a Investigação da Ciência Política e Questões Europeias da Universidade de Colónia; advogado e assistente universitário na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, na Universidade Moderna e na Universidade Lusíada; Presidente do Conselho Fiscal do Totta Leasing; Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Estudos Políticos; assistente do Departamento de Direito da Universidade Lusíada».

Relativamente a obras publicadas, nenhum dos dois candidatos nos diz nada. Pesquisando na base de dados da Biblioteca Nacional, encontramos cinco obras da autoria de Santana Lopes: “Os sistemas de Governo Mistos e o Actual Sistema Português”, “Portugal e a Europa: que futuro?”, “Causas de Cultura”, “PPD-PSD: a Dependência do Carisma”, “Sistema de Governo e Sistema Partidário”, este último em co-autoria com Durão Barroso. Quanto a José Sócrates, em vão foram todas as buscas para encontrar um só livro ou opúsculo que fosse da sua lavra.

No que respeita à actividade política, José Sócrates informa-nos que «pouco depois do 25 de Abril, com 16 anos, ingressou na JSD, saindo em ruptura logo no ano seguinte, de 1975». Depois disso, foi «militante do Partido Socialista desde 1981, Presidente da Federação Distrital de Castelo Branco entre 1986 e 1995», membro do Secretariado Nacional do Partido Socialista desde 1991», Porta-voz do PS para a área do Ambiente nesse ano, «Deputado à Assembleia da República desde 1987, pelo círculo de Castelo Branco», a cujo cargo regressou em Abril de 2002. Foi, finalmente, eleito «Secretário Geral do Partido Socialista em Setembro de 2004». Santana Lopes apresenta-se como «militante do Partido Social Democrata desde Outubro de 1976, Adjunto do Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro do IV Governo Constitucional (1978/1979), Assessor Jurídico do Gabinete do Primeiro-Ministro do VI Governo Constitucional (1980/1981), Presidente da Comissão Política Distrital da Área Metropolitana de Lisboa (1981/1985), Deputado à Assembleia da República (1980, 1983, 1985, 1987 e 1991), Deputado ao Parlamento Europeu (1987/1989), Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz (1998/2001), Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (2002/2004), Presidente da Mesa da Assembleia Geral dos Autarcas Sociais-Democratas, Presidente do Conselho da Região Centro, Presidente da Mesa do Congresso e do Conselho Geral da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, Presidente da União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas (2002/2004), Vice-Presidente da UCCI para a Península Ibérica, Vice-Presidente da Mesa do Comité das Regiões, Vice-presidente do Comité Executivo do Fórum Europeu de Segurança Urbana (2002/2004), Presidente do Partido Social Democrata (2004)».

Quanto a condecorações, José Sócrates, porque não as tenha ou por modéstia, nada nos diz. Santana Lopes informa terem-lhe sido atribuídas a Grã-Cruz da Ordem de Mérito da Hungria, a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul, do Brasil, a Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco, do Brasil e a Grã-Cruz da Espanha.

Finalmente vêm as funções governamentais. José Sócrates foi Secretário de Estado Adjunto do Ministro do Ambiente no XIII Governo Constitucional, entre 1995 e 1997; Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro no XIII Governo Constitucional, entre 1997 e 1999; Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território no XIV Governo Constitucional, entre Outubro de 1999 e Abril de 2002. Santana Lopes foi Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros do X Governo Constitucional, entre 1985 e 1987; Secretário de Estado da Cultura do XI Governo Constitucional, de 1990 a 1991; Secretário de Estado da Cultura do XII Governo Constitucional, de 1991 a 1994; e Primeiro-Ministro do XVI Governo Constitucional, desde 17/07/2004.

Por uma questão de objectividade e de imparcialidade não dizemos mais nada: nem tecemos comentários, nem suscitamos interrogações. Cada um dos currículos fala por si.


posted by Mário Rodrigues @ Quarta-feira, Fevereiro 02, 2005

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