Três conceitos preocupantes que se entranham neste projecto de sociedade que é o Portugal urbano, sobretudo, e rendo-me tremebundo ao notá-lo,entre os elementos de menor idade biológica.
"Ter que respeitar e aceitar a diferença"
Mas porquê? Aceitar a diferença e ser tolerante faz sentido desde que falemos de disparidades inócuas e cujas características permitam, por seu turno, a coexistência com as das restantes convicções. Caso contrário, não faz qualquer sentido, nem torna alguém mais civilizado, obrigarmo-nos a deglutir aquilo que não achamos justo "porque não podemos ser intolerantes". O problema dos tolerantes é ficarem à mercê dos intolerantes.
"O trabalho"
Mas que trabalho? Vacinar crianças? Desarmar minas? Salvar lémures-de-cauda da extinção? Prevenir os fogos? Debulhar a Cova da Moura? Que trabalho? Encher as bolsas dos sem-nome que vingam, em palácios de mármore, enquanto o tempo passa anestesiando os que pretendem ser vivos? Estou doente / Então a que horas vens? / Hoje não vou / Essas atitudes são estranhas, olha que isto é o teu trabalho, vê lá. Que trabalho? Que mesquinhez, que escol de maleitas pode afligir tanta gente, que fiquem turbados pelas vãs construções às quais se apegam, épocas inteiras, o sangue e as costas num formulário que é alterado a cada semana que se segue?
"A abertura de espírito"
Não está às mesas apertadas e servidas por imberbes, pertença do refinamento autocrático sociocultural que se fez de passagem administrativa entre cravos e tanques. Mas há quem creia que sim e até se extreme digladiando amigos por tais noções.
E não chove.
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