"Lembro um ministro da economia (coisa bizarra...) que já anunciou o fim da crise, ao vivo e em directo; que foi à China explicar aos investidores de lá as vantagens do baixo custo de mão de obra em Portugal (lá chegaremos...); que muito recentemente, face à notícia de que determinada empresa ia desligar 500 postos de trabalho, tranquilizou os súbitos desempregados e a nação em geral com a notícia, tão boa quanto falsa, mas válida por um dia quase inteiro, de que a mesma empresa ia criar outros 250 perto dali.
Ocorre-me um ministro da saúde que determinou a imperativa necessidade de taxas moderadoras para os abusadores que matam o ócio com intervenções cirúrgicas e internamentos hospitalares escusadas.
Rememoro um secretário de estado que num dia assegura a manutenção do congelamento das progressões de carreira e actualizações salariais dos funcionários públicos e agentes do Estado até aos idos de 2009 e no dia seguinte diz que esse aperto acaba já este ano.
Assalta-me o espírito um ministro do interior que logo depois de passar à condição de candidato autárquico pugna pela necessidade de debate sobre o tal aeroporto, que na véspera assegurava ser coisa indispensável e bem decidida.
Para não falar da tentativa de meter a vice-presidente do Tribunal Constitucional o boy jurídico de serviço há longos anos, em justa recompensa pelo seu muito esforço. Quando a coisa falhou, apesar de sempre ter sido metido a Juiz Conselheiro, em substituição da esposa, aproveitou-se a saída do outro para candidato autárquico e deu-se ao tal boy o Ministério da Administração Interna, pelo caminho ficando a nação a saber que por essa via a maçonaria trepava mais um bocadinho das escadas do Poder.
Lembro, também, a escolha do ministro da justiça, cuja passagem por Macau, recheada de sucessos memoráveis, oportunamente relatados na imprensa, lhe não beliscou minimamente as notórias aptidões para o cargo.
E como esquecer o truque trapaceiro de uma Sr.ª governadora civil que marcou eleições à pressa para ver se atrapalhava umas candidaturas potencialmente prejudiciais ao seu candidato?
Como não lembrar, neste contexto, o facto de há dias, segundo notícia não desmentida, um funcionário da PJ que agendara uma comunicação à imprensa, a propósito de uma pequena desaparecida no Algarve e que tem chamado por isso a atenção maciça da comunicação social, ter sido "aconselhado" pelos serviços do Ministério da Justiça a postergá-la (á comunicação...), pois que na hora prevista o candidato à Câmara de Lisboa iria fazer o anúncio da sua candidatura e do seu "programa"?
Poderia olvidar, já agora, que num dia o IEFP assegurou que o desemprego descera em proporções homéricas, e logo no seguinte o INE garantiu que pelo contrário ele subira como nunca desde há 22 anos?
Há maneira de não recordar o Pina Moura, ex-ministro, ex-gestor-público, actual gestor de uma empresa que actua no mercado que tutelou enquanto ministro (e agora nessa qualidade fazendo críticas à legislação que em muitos casos aprovou quando tinha a outra)?
Só agora me lembro, valha-me Deus, da inenarrável história do curso aldrabado do Sr. Pinto de Sousa, das suas aventuras académicas, dos termos que não existem, dos professores quadruplamente regentes, das provas de "inglês técnico" e etc. Já não choca, que o governo de Portugal tenha por primeiro ministro um exemplar do bom e velho "doutor da mula ruça", essa figura tão pícara da literatura e do folclore pátrios!
Entretanto, todos os dias sou lembrado da continuada e brutal perda de poder de compra que me aflige, sem fim à vista, como a milhões de cidadãos. "Trapalhadas"? "Disparates"? "Clima"? Náa... O Sr. Santana Lopes era um modelo de seriedade e rigor. Volte, que está perdoado. Comparado com o seu sucessor, é um fraco aprendiz da arte de semear a confusão e atascar o país mais um bocado. Mas a "opinião pública" ainda se não deu conta disso. Onde estão agora as "trapalhadas"? Os "disparates"? O "clima"? A "confusão"? Foi um ar que lhes deu; sumiram-se."
Ocorre-me um ministro da saúde que determinou a imperativa necessidade de taxas moderadoras para os abusadores que matam o ócio com intervenções cirúrgicas e internamentos hospitalares escusadas.
Rememoro um secretário de estado que num dia assegura a manutenção do congelamento das progressões de carreira e actualizações salariais dos funcionários públicos e agentes do Estado até aos idos de 2009 e no dia seguinte diz que esse aperto acaba já este ano.
Assalta-me o espírito um ministro do interior que logo depois de passar à condição de candidato autárquico pugna pela necessidade de debate sobre o tal aeroporto, que na véspera assegurava ser coisa indispensável e bem decidida.
Para não falar da tentativa de meter a vice-presidente do Tribunal Constitucional o boy jurídico de serviço há longos anos, em justa recompensa pelo seu muito esforço. Quando a coisa falhou, apesar de sempre ter sido metido a Juiz Conselheiro, em substituição da esposa, aproveitou-se a saída do outro para candidato autárquico e deu-se ao tal boy o Ministério da Administração Interna, pelo caminho ficando a nação a saber que por essa via a maçonaria trepava mais um bocadinho das escadas do Poder.
Lembro, também, a escolha do ministro da justiça, cuja passagem por Macau, recheada de sucessos memoráveis, oportunamente relatados na imprensa, lhe não beliscou minimamente as notórias aptidões para o cargo.
E como esquecer o truque trapaceiro de uma Sr.ª governadora civil que marcou eleições à pressa para ver se atrapalhava umas candidaturas potencialmente prejudiciais ao seu candidato?
Como não lembrar, neste contexto, o facto de há dias, segundo notícia não desmentida, um funcionário da PJ que agendara uma comunicação à imprensa, a propósito de uma pequena desaparecida no Algarve e que tem chamado por isso a atenção maciça da comunicação social, ter sido "aconselhado" pelos serviços do Ministério da Justiça a postergá-la (á comunicação...), pois que na hora prevista o candidato à Câmara de Lisboa iria fazer o anúncio da sua candidatura e do seu "programa"?
Poderia olvidar, já agora, que num dia o IEFP assegurou que o desemprego descera em proporções homéricas, e logo no seguinte o INE garantiu que pelo contrário ele subira como nunca desde há 22 anos?
Há maneira de não recordar o Pina Moura, ex-ministro, ex-gestor-público, actual gestor de uma empresa que actua no mercado que tutelou enquanto ministro (e agora nessa qualidade fazendo críticas à legislação que em muitos casos aprovou quando tinha a outra)?
Só agora me lembro, valha-me Deus, da inenarrável história do curso aldrabado do Sr. Pinto de Sousa, das suas aventuras académicas, dos termos que não existem, dos professores quadruplamente regentes, das provas de "inglês técnico" e etc. Já não choca, que o governo de Portugal tenha por primeiro ministro um exemplar do bom e velho "doutor da mula ruça", essa figura tão pícara da literatura e do folclore pátrios!
Entretanto, todos os dias sou lembrado da continuada e brutal perda de poder de compra que me aflige, sem fim à vista, como a milhões de cidadãos. "Trapalhadas"? "Disparates"? "Clima"? Náa... O Sr. Santana Lopes era um modelo de seriedade e rigor. Volte, que está perdoado. Comparado com o seu sucessor, é um fraco aprendiz da arte de semear a confusão e atascar o país mais um bocado. Mas a "opinião pública" ainda se não deu conta disso. Onde estão agora as "trapalhadas"? Os "disparates"? O "clima"? A "confusão"? Foi um ar que lhes deu; sumiram-se."
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