16.5.07

Frases e conversas que acordam um gajo para a realidade, ou como a amizade pode ser função dos conteúdos:


- "mas porque é que havemos de ir a uma tasca podendo estar noutro sítio? eu prefiro jantar a olhar para uma gaja boa e que se arranja toda do que ter que ver os pêlos da cara duma grunha qualquer".

Esta frase foi dita há uns anos por um dos meus melhores amigos. As pessoas mudam, muito. Não compreendendo, nem querendo sequer tentar encontrar uma solução a meio de tal caminho - porque quando janto, preocupo-me sobretudo com a mesa à qual me sento, companhia incluída, e com a qualidade do serviço prestado - fico-me assim por uma posição redutora e marco a pessoa que proferiu a frase, inevitavelmente, com o custo conexo.


- "e o C? foi despedido. e o B? ah, o B, esse agora parece que tem dez anos, diz que não quer trabalhar mais nisto, e tal. e o D? eh pá nem me fales nesse gajo, então ainda anda com aquele carro, até tenho vergonha de aparecer com o gajo"

Isto foi ouvido, porque deliberadamente não participado, em reuniões de amigos, naqueles eventos nos quais é suposto vivermos todos de peito aberto, sem máscaras, como sempre nos fizemos ver enquanto crescíamos; deixou de ser assim. Agora a bitola é sintética, e manda que se aprume o verbo pela ditadura primii inter pares. Também larguei.


- "é pá a tua conduta nos últimos tempos desiludiu-me um bocado"

Quem fala assim com amigos de infância, tem dois pesos e duas medidas.


Tudo isto ocorreu-me à boca de mais um ponto de viragem.

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