30.10.07

Estava a ler isto

http://en.wikipedia.org/wiki/Ulam_conjecture

e pensei, "não posso ler tudo sobre matemática, física, cosmologia, nem ler toda a BD, ouvir toda a música, ver todo o cinema e teatro, ir a todos os sítios e ainda assim sonhar sequer educar filhos, usufruir do meu corpo enquanto jovem e hábil, ser para mim e para aqueles que amo, e acima de tudo amar em condições a minha mulher, que caminha de mão dada comigo".

Foda-se, que merda um gajo morrer. Chegaram os teus livros.



24.10.07

Como piratinhas, piratinhas valentes e redondos e rodeados de passaragem, que singram soberbos os mares mais revoltos da puberdade, os mares confusos, em navios de abraços e bochechas amigas.


Póli :)

Quote of the day

"É completamente incompreensível que o primeiro-ministro ande todos os dias na televisão a dizer que o principal problema do país é a produtividade e depois o sinal que o seu Governo dá na escola é que a produtividade não interessa e a assiduidade não é relevante"

- Paulo Portas, sobre o estatuto do aluno, essa figura risível que visa promover a nacional-grunhidade, aprovada hoje em CM.

One should strive to achieve; not sit in bitter regret.


Quando leres isto estarei deitado no sofá perdido em ti, imerso na memória, no fio condutor, no caminho guia das nossas perdas e sonhos conjuntos, perdido e imerso nos mundos que o teu brilho contém, que os teus dedos entretecem, que as tuas pernas prometem, que damos à luz com o melhor de ti e o melhor que há em mim. Quando leres isto vou estar a sentir que nunca, nunca jamais nunca mais quero estar longe de ti, vais sentir que tudo está certo e correcto e assegurado entre a dor e o calor entre o riso e o prazer entre a curva mais histriónica que um homem pode fazer ao racionalizar estas veias que se insurgem contra o desfecho mortal que nos é comum. Eu amo-te. Eu amo-te, amo-te amo-te quero-te não quero estar longe não quero um dia, não quero a noite sem sim não quero entender não posso ser uma folha em branco, não tenho braços que alcancem a gargalhada de Deus quando te fez tão linda e tão nossa, não sei muito bem onde vai parar esta nossa paixão.
The will to greatness clouds the mind
Consumes the senses, veils the signs
We each are meant to recognize.
Redeeming graces cast aside
Enduring notions, new found promise,
That the end will never come.

We live in times when all seems lost,
But time will come when we'll look back,
Upon ourselves and on our failings.

Embrace the void even closer still,
Erase your doubts as you surrender everything:

We possess the power,
If this should start to fall apart,
To mend divides,
To change the world,
To reach the farthest star.
If we should stay silent.
If fear should win our hearts,
Our light will have long diminished,
Before it reaches the farthest star.
http://www.free-lyrics.org

Wide awake in a world that sleeps
Enduring thoughts, enduring scenes.
The knowledge of what is yet to come.
From a time when all seems lost,
From a dead man to a world.
Without restraint, unafraid and free.

We possess the power,
If this should start to fall apart,
To mend divides,
To change the world,
To reach the farthest star.
If we should stay silent.
If fear should win our hearts,
Our light will have long diminished,
Before it reaches the farthest star.

If we fall and break,
All the tears in the world cannot make
us whole
Again.

We possess the power,
If this should start to fall apart,
To mend divides,
To change the world,
To reach the farthest star.
If we should stay silent.
If fear should win our hearts,
Our light will have long diminished,
Before it reaches the farthest star.

- Ronan Harris / Mark Jackson
Acendo as luzes da casa. Hoje tu não estás cá, e eu hoje não estou lá. Tentamos estar mais presentes sem nos ausentarmos um do outro. Hoje há coisas que precisam de ser feitas por mim e por ti, sticking to the plan. As luzes ficam acesas, porque o frio chegou. Os teus olhos e o teu sorriso perfumam os quartos, aquecem a cozinha e a sala com a mesma intensidade de sempre. Deambulo a marcar tarefas na agenda e a ouvir o Palma.
Penso em ti tal como estavas hoje antes de sairmos de casa. E na viagem até Lisboa. E nas viagens todas que já fizemos. Penso em nós tal como ficamos assim que as nossas peles se tocam, ao mais leve roçar. Ao contacto visual. À memória do instante anterior.
Talvez hoje deva alongar-me ao jantar, talvez começar o livro, talvez adormecer rapidamente para rapidamente voltar a acordar contigo deitada no meu peito.
Depois diz-me como correu :)

Histórias para crianças, para ler por adultos - Viver


um conto de Nuno Santos Antunes

Dizem que a Lua está sempre lá no alto, lá no Céu, mas eu não acredito. Ainda hà pouco estava a olhar pela janela e vi-a descer e banhar-se nas àguas do Tejo. Estava linda, a sua cor de prata diluía-se no rio, depois subiu de novo e foi ganhar cor junto das estrelas, primeiro estava dourada, depois foi ainda mais alto e começou a ganhar de novo a sua cor prateada. Lá em baixo o rio ficou todo dourado, foi um presente que a Lua lhe deu.

Dizem que os rios correm para o mar, mas eu não acredito. Estou aqui entre dois rios e eles estão os dois juntos, nenhum deles quer sair dali, juntam-se os dois de noite para banhar a Lua e quando ela se vai ficam os dois a namorar e a apreciar as belas cores com que ficaram. De manhã acordam os dois juntos com o Sol e ganham uma cor nova, e todo o dia por ali ficam, felizes e contentes, sem vontade nenhuma de correr para o mar.

Dizem que o Sol nunca se apaga, mas eu não acredito. O Sol acende-se de manhã para pintar os rios, os mares, e a vida das pessoas. De noite ele apaga-se para deixar as crianças dormir.

Os meus Amigos dizem que a vida deve ser vivida muito intensamente dia a dia, mas eu não acredito. Eu acho que a vida deve ser vivida com e para as crianças, elas é que sabem o ritmo certo. Para as crianças não existe tempo, nem pressas, nem prazos. Um dia, uma semana, um mês, nada disso conta para as crianças. As crianças são os “Senhores do Tempo” e é com elas que nós devemos viver. Não sabem o que é o Amor, mas amam como ninguém. Não sabem o que é a morte e por isso vivem melhor.

O que eu acredito é que devemos viver com o ritmo da Lua, dos Rios, do Sol e particularmente das crianças, tudo o resto são histórias de adultos que são difíceis de entender.


Find it in you, raise your eyes
Look beyond the place you stand
Towards the furthest reaches
And to the smallest of things
The sound you are hearing
Is the symphony of what we are
Revelation will not come
With heart and mind closed and divided

No need of sun to light the way
Across the ages, we have reigned as we endured
Through the storm fronts we will ever surely pass
To stand as never ending light

Throw away the mantle
Awake from your uncertain hesitation
No way to describe or equate the feeling
No end to what is at your command
A million thoughts run through you
Concentric circles, ever greater
But you have always known
That this is not all there is
To your questions there'll be answers

Let there be, let there always be
Never ending light


Entrelaças-te em mim.

Sonho um dia além da nossa morte com planetas verdejantes e crianças imortais que nunca souberam a agonia nunca souberam a dor nunca perderam crianças folhas ramos copas flores sementes de novas crianças um dia muito muito além do fim do tempo e da estrela que tu e eu sempre vimos nascer naquele ponto do céu de Outono.

Entrelaças-te em mim. O tempo passa a correr mas já não faz mal. Já tenho comigo o segredo da infância eterna.

23.10.07

Now close the windows and hush all the fields:
If the trees must, let them silently toss;
No bird is singing now, and if there is,
Be it my loss.

It will be long ere the marshes resume,
I will be long ere the earliest bird:
So close the windows and not hear the wind,
But see all wind-stirred.

- Robert Frost

17.10.07

Roll me on your frozen fields
Break my bones to watch them heal
Drown me in your thirsty veins
Where I'll watch and I'll wait
And pray for the rain
Curl like smoke and breath again
Down your throat inside your ribs
Through your spine in every nerve
Where I watch and I wait and yield to the herd
And if you don't believe
The sun will rise
Stand alone and greet
The coming night
In the last remaining light
Seven moons and seven suns
Heaven waits for those who run
Down your winter and
Underneath your waves
Where you watch and you wait
And pray for the day
And if you don't believe
The sun will rise
Stand alone and greet
The coming night
In the last remaining light
And if you don't believe
The sun will rise
Stand alone and greet
The coming night
In the last remaining light
Light
Light
Light

(Cornell)
Fire's Reflection

Perhaps it's no more than the fire's reflection
on some piece of gleaming furniture
that the child remembers so much later
like a revelation.
And if in his later life, one day
wounds him like so many others,
it's because he mistook some risk
or other for a promise.
Let's not forget the music, either,
that soon had hauled him
toward absence complicated
by an overflowing heart....

- Rainer Maria Rilke

16.10.07

I thought of you when I was wakened
By a wind that made me glad and afraid
Of the rushing, pouring sound of the sea
That the great trees made.
One thought in my mind went over and over
While the darkness shook and the leaves were thinned —
I thought it was you who had come to find me,
You were the wind.

- Sarah Teasdale

12.10.07

Reprise

i carry your heart with me(i carry it in
my heart)i am never without it(anywhere
i go you go,my dear; and whatever is done
by only me is your doing,my darling)
i fear
no fate(for you are my fate,my sweet)i want
no world(for beautiful you are my world,my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart

i carry your heart(i carry it in my heart)

- e.e. cummings

11.10.07




When plotted on a logarithmic graph, 15 separate lists of paradigm shifts for key events in human history show an exponential trend. Lists prepared by, among others, Carl Sagan, Paul D. Boyer, Encyclopædia Britannica, American Museum of Natural History and University of Arizona, compiled by Ray Kurzweil.

7.10.07

Days

What are days for?
Days are where we live.
They come, they wake us
Time and time over.
They are to be happy in:
Where can we live but days?

Ah, solving that question
Brings the priest and the doctor
In their long coats
Running over the fields.

-Philip Larkin

6.10.07

When the little devil, panic,
begins to grin and jump about
in my heart, in my brain, in my muscles,
I am shown the path I had lost
in the mountainy mist.

I'm writing of you.

When the pain that will kill me
is about to be unbearable,
a cool hand
puts a tablet on my tongue and the pain
dwindles away and vanishes.

I'm writing of you.

There are fires to be suffered,
the blaze of cruelty, the smoulder
of inextinguishable longing, even
the gentle candleflame of peace
that burns too.

I suffer them. I survive.

I'm writing of you.

- Norman MacCaig
Nenhum de nós tem de ser genial. Basta-me que sejamos um do outro. Por razões bem conhecidas o somos.

A montanha. O poema. A harmonia.

A quantidade esmagadora de sensações que ficam por enumerar, revolver, transliterar.
Urgência em reencontrar o nosso olhar o diálogo das peles retina a retina íris com íris lábios que nunca acabam conversa para além da conversa, saliva sobrecarregada com a fala dos corpos a nossa respiração em conversa as pernas descansadas à procura de conversa as certezas o carinho o sossego, metade e metade de todos os poemas do mundo que se escrevem no que fica por dizer, reatar todas as pontas soltas entre o nosso primeiro café e a espiral em autogestão que nos arrebata e alimenta.






Entendes-me? :)




Send in the fireworks :D
Coda
Perhaps to love is to learn
to walk through this world.
To learn to be silent
like the oak and the linden of the fable.
To learn to see.
Your glance scattered seeds.
It planted a tree.
I talk
because you shake its leaves.

- Octavio Paz
Being Boring
If you ask me 'What's new?', I have nothing to say
Except that the garden is growing.
I had a slight cold but it's better today.
I'm content with the way things are going.
Yes, he is the same as he usually is,
Still eating and sleeping and snoring.
I get on with my work. He gets on with his.
I know this is all very boring.

There was drama enough in my turbulent past:
Tears and passion-I've used up a tankful.
No news is good news, and long may it last,
If nothing much happens, I'm thankful.
A happier cabbage you never did see,
My vegetable spirits are soaring.
If you're after excitement, steer well clear of me.
I want to go on being boring.

I don't go to parties. Well, what are they for,
If you don't need to find a new lover?
You drink and you listen and drink a bit more
And you take the next day to recover.
Someone to stay home with was all my desire
And, now that I've found a safe mooring,
I've just one ambition in life: I aspire
To go on and on being boring.

- Wendy Cope


"...when she met the poet Lachlan Mackinnon, with whom she now lives in Winchester. He is the dedicatee of If I Don't Know and the man acknowledged by Cope as the reason for its tone of sometimes dreamy and delirious content. "Someone to stay home with was all my desire", she writes in the poem "Being Boring", "And now that I've found a safe mooring,/ I've just one ambition in life: I aspire/ To go on and on being boring." Despite the refrain of that poem, though, she is testy about the assumption - expressed in more than one review of the new book - that happiness necessarily dulls the poetic edge. She has just finished an anthology of 101 happy poems and takes issue in her introduction with the old truism that happiness writes white. - "Of course misery writes more good poems than happiness, but happiness does write good poems now and again. ""



"Quem escreve com clareza tem leitores; quem escreve obscuramente tem comentadores."
(Camus)

:)

2.10.07

Não é que tenha uma gaja aos comandos. Não é nada disso. Mas pronto, tou convencido. Siga a Caverna... O post abaixo fica sem efeito ;)

Neste dia

Algumas coisas são cíclicas. É cíclico o surgimento da Vida, enquanto afronta às leis mais concisas da Física. É cíclica a História do Universo, como tudo é cíclico menos o avanço da entropia - e mesmo assim, não sei.

Há quatro anos, tal como antes e depois de há quatro anos, existia um espaço enorme, um vazio arrombado que foi aprendendo a brilhar sem explodir. Daí se fizeram palavras, e das palavras momentos, e estes tiveram Estações; uma Primavera cheia de amores como bonecos de neve, um Inverno resoluto na certeza de trazer ao seu habitante uma melhor preparação para o inevitável.

Há quatro anos, talvez até na tua vida houvesse ciclicidade. Na minha, havia-a certamente.

Porque a Vida tem, ou serve, desígnios inegáveis, e porque o Amor, enquanto expressão mais alta do livre arbítrio, da nossa centelha, e porque escapar à moagem cíclica dos anos é talvez a única cicatriz que é humanamente possível desenhar nos blogs do Universo.

Porque tu e eu nos encarregaremos, como hoje encarregamos, de fazer com que o tempo que nos resta fervilhe ao rubro.

Porque o somatório de nós, deles, do que bem nos basta como fardo e como recompensa constitui garantia bastante de que não implodiremos.

Por tudo isto, e porque algumas coisas não devem ser cíclicas, este blog termina aqui.

As sugestões, referências e comentários poderão regressar, mas não a voz na penumbra.

A Caverna cede lugar a uma Casa parede por parede, vela por vela, aroma por aroma.

É para já uma casa difusa, que só tem fundações, da qual não existe projecto nem sequer localização geográfica, e muito menos um blog. Mas está a fazer-se, constrói-se com cimento de Outono e janelas para o Verão. Tem folhas e ramos fortíssimos onde crescem avelãs bojudas e os animais do bosque vêm acoitar-se. Estende-se por muitas serras e alguns rios, atravessa pontes e vales, e passa a vau uma cidade inteira. Leva confortavelmente quatro camas e nela há sempre uma cozinha, cujo chão é frio e o ar quente, e que muda de sítio consoante nada em concreto.

Já não digo mais nada.

Este blog termina aqui porque o Amor continua.

E ao teu lado começo uma estória definitiva.