2.8.07

Citações do dia

De Rodrigo Adão da Fonseca,

"Lisboa vai voltar a ser menina e moça, um enorme Chapitô: bairros populares cheios de jovens a reflectir sobre a economia mundial e os malefícios da globalização, enquanto os restantes atiram mocas ao ar. Cães selvagens a viverem em harmonia com o ser homem. Bicicletas em cada esquina, milhares de biclas, num número que deixaria arrepiado o senhor Mao Tse-Tung. Estacionamentos em abundância para trabants, smarts e citroens dois cavalos. Jardins, muitos jardins! Chocolate, muito chocolate! Um Rivoli em cada colina! Fontanários, réplicas alfacinhas do Manneken Piss mas com a estátua do La Feria! Pierrots a brincar às mimicas enquanto ajudam as velhinhas a levar as compras a casa. Lisboa, és linda, qual Alice no Pais das Maravilhas!"


e de João Gonçalves:

"Esta tarde, o eixo Praça do Município-Praça do Comércio era um local mal frequentado. Os cortesãos do regime, por consequência, do PS, concentraram-se para a posse de António Costa como edil de Lisboa. Costa começou, aliás, muito bem com a aliança com o quinto ou sexto classificado na miserável eleição que lhe deu a vitória, o senhor do "Bloco". Faltam só os "cidadãos" de Roseta, mas esses vêm já a seguir. Costa deu, assim, na cidade, um estatuto de respeitabilidade ao BE que, no meu jargão, significa entregar o ouro ao bandido. Estão muito bem uns para os outros."



Nem de propósito, revi o "1900" de Bertolucci há poucos dias.

Aquando do primeiro visionamento que dele fizera, há vinte e poucos anos e toldado pela juventude, senti-o um filme de esquerda, libertário, agrária e profundamente comuna. Desta vez, a impressão foi outra. O campesinato é mais puro? É. Subverte-se estatisticamente em menor volume? Sim. Envelhece mais colado aos cavernícolas originais de cujas andanças brotámos? Também.

E no entanto...

A numerização grotesca ocorre da mesma forma que no fascismo.
A demissão do exercício intelectual, aspas aspas.
A que conduz a "liberdade" por aquela estrada? À ignorância, a um mundo eternamente néscio, cantando e rindo, blissfully unheeding de tudo quanto exorbite às esferas do que for imediato.

Ora um homem não é uma formiga.

E eu, enquanto homem, estou farto de ver analfabetos como António Costa, Sá Fernandes e as respectivas clique-claques, nas mesmas ruas por onde às vezes tenho que andar.

O problema é que o actual eleitorado, ou seja, "as pessoas que se vê na rua", já são a primeira tranche do produto criado com as experiências de facilitismo e prestidigitação oriundas do pós-cavaquismo. Ou seja, estão mesmo bem uns para os outros.

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