Jantei com meus pais, que de viva memória sabem bem o que foi a PIDE/DGS; eu somente o sei por interposta experiência, já que ainda não senti na pele o rigor aberto de a ver na rua, impune; de a cheirar em cada autocarro, em cada paragem; nos mercados, nas farmácias; sei apenas que funciona em gabinetes, sob um cone de biombos sem cor. Mas persiste. Persiste e prepara-se para comer, a cada português, um dia de vida, como em tempos Costa Martins, ministro traidor, lhes comeu um dia de trabalho, assim haja memória. E eu não quero permitir que a PIDE/DGS renascida, refeita a partir da argamassa daqueles que andavam há uns anos em cima das mesas a arder, declamando inflamados por uma vida liberta, venha agora cobrar aos nossos filhos aquilo que jamais terá direito de cobrar: o ar que respiram.
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