6.4.07

Não quero fazer disto um mirror d'O Insurgente, mas a coisa arrisca-se a pegar...

Helder escreveu (bolds meus):

A Linha dos late 70’s, early 80’s foi o melhor sitio do mundo para ser adolescente, um pouco como imagino a Califórnia vinte anos antes. Foi um lugar de libertação, de hedonismo adolescente puro e duro. O lugar do “2001”, do “Deck”, do “Jet” e do “Santini”, das plantações de erva dentro dos liceus (pelo menos no meu) das Zundapp XF17 e das Yamaha RZ. Dos concertos quinzenais no Dramático de Cascais com Camel, Peter Gabriel, Clash, Ramones, Ian Dury, Dr Feelgood e o diabo a quatro. No Liceu de S João, Maristas e de Oeiras fervia pancada no Carnaval e nas eleições para as associações de estudantes, com PCP, MIRN e (em Oeiras) com os operários da Fundição afectos ao PCP. Metia polícia de intervenção a malhar nos putos, correria, pancada e ovos por tudo quanto era lado, era uma festa. Vinha de trás, a coisa. Vinha da falta que nos fez o verão de 67 e o Maio de 68. A geração que não existe, que era demasiado jovem no 25 de Abril e ao mesmo tempo demasiado “velha” para ser “pós” viveu depressa nesses anos. Na urgência de um tempo em que os que lutaram na guerra colonial, os que viveram a transição para a democracia, os que revolucionaram os costumes, nos fizeram crer que apreciavam a liberdade. Cambada de aldrabões. São os mesmos que são poder há duas décadas, os mesmos que nos vão submetendo, como aos filhos deles, ao poder do Estado, os mesmos que nos querem escravizar em nome sabe-se lá de quê. Como viemos parar aqui? Como foi que deixámos que isto acontecesse? Que puta de moral têm estes gajos carecas, gordos, grisalhos, de fato e gravata para nos dizer que deveres temos em nome dos direitos deles?

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