29.4.07

A red day, a blood day, ere the sun is gone :)



For Mari Arumae, distant friend, hope :)

27.4.07

Hei-de existir até não mais poder. Feliz Advento para todos os que por aqui passam. Em tempos não quis fazer anos.

Hoje sabe-me a velas abertas a ventos sem fim. Sabe-me a nervos, a som e a luzes, aos batimentos que amo mais do que aos meus próprios.

Sabe-me a ti, quem quer que sejas, quem quer que em tempos tenhas sido. É com muita honra que escrevo esta linha, em particular, por não a dedicar só a ti, e nunca a mim.

Vai começar um dia novo. Sem esquerdas nem direitas, e bem centrado no que realmente importa. Goza-o bem.


APOCALYPSE DREAMS
(Sullivan) 1996

I went up to the mountain, apocalypse dreams in my head
There was fire upon the horizon but it was just the sunrise turning red
Maybe it's time, maybe it's time . . .

Each night I walk to the edge of the city out to where the darkness begins
Made a promise out here a long time ago and I've been waiting ever since
Maybe it's time, maybe it's time . . .

My world has become an empty place
Of great, wide landscapes and weird painted skies
Strange patterns and islands of light
And people move as shadows never touching at all
I've never been afraid to die, maybe scared to live

I've been across every ocean just chasing after storms
My crew long dead or deserted now and the seas nothing but calm
Maybe it's time, maybe it's time - to turn the ship around

Simplex e a Meretriz República

Cidadão A ligado à terra numa Eneida traduzida por fiscais da EMEL com acne e miopia.

7 da manhã o cidadão A levanta-se; como não tem outra hipótese, deixa os filhos a dormir e pede a familiares que os levem à escola. Esses familiares perdem tempo de cujo valor não são ressarcidos.

8 da manhã o cidadão A está à procura do centro de emprego da sua área de residência; a GNR, as pessoas na rua e os lojistas não sabem onde fica, nem existem quaisquer indicações em conformidade. É um puto de 12 anos, abordado a medo não venha a brigada controleira ao cheiro de pedófilos ("o senhor é criminoso, só que ainda não o sabe"), que fornece a preciosa informação. O cidadão A encontra a dita repartição e arruma o carro no único lugar disponível, a 900m. Não repara no parquímetro (caraças! já contei o fim da estória) e vai descansado comparecer à "sessão técnica" (sic na convocatória) que se destina a reinserir o cidadão A no mundo dos vivos.

Às 11:45 termina a sessão. O cidadão A fica a saber que a partir de agora é um perigoso cadastrado, um facínora ao trato: apresentações periódicas, porte de comprovativos de envio de cartas/mails a solicitar entrevistas para emprego (o cidadão A está no percentil 90 do cômputo habilitações / experiência mas infelizmente não é primo de nenhum deputado nem milita para tachos) e não pode ausentar-se do país sob pena da cessação das prestações de desemprego. Fica ainda ciente de que os centros de emprego, pesem embora a seu favor a gentileza e forma da amostra de staff contactada, nunca ouviram falar de teletrabalho, part-time, adequação vocacional e, mais giro, desconhecem em absoluto as próprias movimentações, facto consubstanciado pela presença de "candidatos" convocados erroneamente; da prestação de informações incompletas; do desconhecimento de situações aberrantes impostas a "candidatos" em entrevistas com entidades que praticam parcerias com o IEFP. And so on.

Claro que às 11:46 o cidadão A tinha o carro bloqueado. Liga para a empresa e o agente aparece de imediato. Exige o pagamento de uma soma no montante de 60 euros, 30 para a empresa (taxa de serviço) e 30 para a DGV (coima). O cidadão A apresenta um cheque, meio de pagamento à vista consagrado na lei e de aceitação obrigatória até ao valor de 125 euros. O agente diz que a empresa sua empregador rejeita tal meio de pagamento. O cidadão A contrapõe com a lei e o agente manda-o reclamar por escrito, ou então ir buscar o carro 5 dias depois ao aeroporto.

O cidadão A fica naturalmente fodido com tanta prepotência, estupidez e irracionalidade junta na mesma manhã, e de caminho para casa pondera atitudes radicais, como declarar guerra sozinho a um pequeno país ou votar nas próximas eleições.

Mas a razão impera e em vez disso pauta-se por relembrar a si mesmo que a filhadaputice não se despe com sabão nem pondo uma gravata por cima.

Como post-scriptum, ao sacar os formulários Simplex do site do IEFP para solicitar aprovação de um projecto de criação de emprego (sim! o cidadão A não quer parasitar o estado-cabrão e vai abrir uma empresa, beneficiando assim utentes, trabalhadores e a cabra da sociedade em geral) eis senão quando, são nada menos do que 12 páginas com anexos, muitas delas contendo campozinhos para inscrever informação cujo teor obrigará, no mínimo, a contratar um fiscalista para o obter. Mais 7 anexos.

Desejo portanto ao estado e ao povinho umas boas entradas e melhores saídas, que eu, em podendo, emigro.

26.4.07

New Dark Age

In the darkest times
Darkest fears are heard
And from the safest places
Come the bravest words
Some make a quiet life
To keep this
Scared old world at bay
The dogs are howling on the street outside
So they close the curtains, hope they go away
And it's pressure from all sides
Coming down around our ears
Stuck in this room without a door
Scratched away at the walls for years
All we've got to show is the dust on the floor
And here it comes, a new dark age

I catch your eyes
Before they fall to the ground
We're running out of time, breath and steam
We're running down
They're burning witches
Up on punishment hill
Dying proof in the power of authority
To exact its will
And we've broken our fingers
Broken our faith
Broken our hearts so many times
They can't be broken anymore
Scratched away at the walls for years
All we've got to show is the dust on the floor
And here it comes, a new dark age
Here it comes….


(Borland)


IN PASSING (A.Borland)

These yellow lights are not enough
To illuminate this night
These streets all have a hollow ring
Sounding down inside
This town got our wild years
Now it's quiet here, and still
What good is life without the few
Who lived it to the full?

This yellow glow
Is gonna show me home
Down rivers made of stone
But if you miss old friends tonight
Then you are not alone
Da Nação fizeram Nacinha.
Por via de Revolução?
Não,
por via de revolucinha.

Do farão ficou farinha.
Cabe dentro dum caixão?
Não,
cabe dentro duma caixinha.

Da intenção restou sentencinha.
Trataram do povão?
Não,
trataram da vidinha.

E a Grande Marcha (do Pogresso) ficou murchinha.
Perderam a tesão?
Não,
perderam a espinha.

Salvou-se a corrupção agora rainha.
Venderam-se em leilão?
Sim,
e mais à puta da alminha.

- César Augusto Dragão

23.4.07

Faço anos no mesmo dia que Ricardo Araújo Pereira, Oliveira Salazar e Saddam Hussein.

Não sei se ria, se chore.

Acho que vai dar ao mesmo.

É só rir, senhores, é só rir!!!

Cidadão A, desempregado, vende o carro para poder subsistir mais uns tempos.

Centro de emprego da área de residência convoca cidadão A para estar às 09:00 numa "reunião colectiva" a fim de "definir o seu percurso de reintegração".

Cidadão A é pai solteiro e tem que ir levar os filhos à escola.

Não há transportes para o centro de emprego ente as 08 e as 09, existe um às 07 e outro às 09:30.
Cidadão A expõe e pergunta.

Centro de emprego manda cidadão A levar nas nalgas, "e não falte, olhe que eles marcam logo o seu nome!"

Cidadão A recorda-se de quando Cidadão B, com mais ou menos as mesmas habilitações e percurso (formador de formadores, anos de ensino e formação na área das ciências exactas, etc..) foi convidado a fazer um curso de 15 dias a 40 km de casa, com 3 euros de subsídio, para se reintegrar melhor.

Ardet nec Consumitur.

22.4.07

http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2007/04/complacncia-absoluta.html


Para o cidadão médio, conhecedor de meandros universitários e experimentado na vida comum, essas explicações são falsas porque atentam contra o sentido comum da realidade das coisas. Uma licenciatura, com um exame final de rigor tabelado e sem favor pessoal, não se faz ao Domingo. Ponto final. E tanto não se faz que logo que surgiu a nesga de oportunidade para a negar, foi isso que aconteceu, com alívio, desmentido logo a seguir numa atrapalhada revelação de falsificação documental de responsabilidade ainda anónima.
Uma licenciatura digna, escorreita e com valor superior como foi o apresentado, não se faz com um único professor para uma caterva de cadeiras difíceis e com outro de empréstimo que nem o podia ser, com um exame mixuruco e de favor já examinado. Qualquer professor mediano sabe isto e foi o que o reitor da Universidade Fernando Pessoa, no último Prós & Contras veio dizer, no silêncio ambiente de outros.

...

A complacência magna neste assunto, em contradição magnífica e flagrante com um suposto grau de exigência ético, no passado, permite que se questione a evolução democrática portuguesa ou se avalie a natureza da própria democracia que temos e somos.
Um país tido como de brandos costumes, alterna a contemporização mais laxista, com a intolerância mais acerbada, e a incerteza dos valores assentes, permite a certeza do futuro dos sociólogos e crónicos do regime e do contra.

Numa pequena resenha, o retrato de um país:

O jornal Independente saído no final dos anos oitenta, pode ser um bom guia desta esquizofrenia nacional, socialista e democrata.
Nessa época dourada de ética aflorada em papel de jornal, pela dupla Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso, foi notícia, em Março de 1989, o caso de Leonor Beleza como ministra na Saúde e a publicação de um relatório da Inspecção Geral de Finanças, conduziu directamente à demissão do ajudante de ministro Costa Freire, por corrupção. Sabemos como tudo acabou: o ajudante em tempos proclamou a sua intenção de accionar o Estado por ter sido acusado, julgado e …não transitado. O caso, como todos sabem, prescreveu. O futuro de Leonor Beleza perseguiu-a mais uns anos e com a prescrição do caso dos hemofílicos, acabou numa fundação de prestígio e muito dinheiro.
Em Janeiro desse mesmo ano, o caso da casa de Cadilhe, ministro de Finanças que aproveitou o serviço da guarda-fiscal para mudar os trastes de um apartamento modesto trocado para o luxo das Amoreiras, deu o brado necessário, para se entender como eticamente inadmissível tal comportamento, digno de demissão.
Em Fevereiro de 1990. estalava o caso Melancia, nomeado pelo presidente Soares para a governação de Macau: 50 mil contos remetidos ao governador que saíram do escritório de uma empresa alemã, por causa do aeroporto de Macau, sumiram. Em tribunal, Melancia ficou à parte; na outra parte, deu-se como provada a corrupção activa sem se ter determinado o agente da passiva. Melancia sempre negou. Rui Mateus, um íntimo do poder socialista centrado em Mário Soares e Almeida Santos, foi condenado e escreveu um livro a denunciar todas as tramóias que lhe interessavam na altura. Prometeu escrever outro. O principal visado, o dito cujo Mário, mai-lo seu partenaire de partido Almeida Santos, sairam totalmente incólumes do assunto, porque os procuradores gerais, na época, adjuntos do poder socialista, entenderam que o baile parava à porta de Belém. “Não se encontraram indícios suficientes”, foi a justificação legal.
Um desgraçado jornalista- Joaquim Vieira- tentou repescar o assunto da vilania explicada, por ocasião das últimas presidenciais. Fê-lo com tanta oportunidade que acabou despedido e a revista onde publicara o desaforo, fechada para balanço. Quem foi o responsável? O mistério aponta para um poder laico, republicano e de pendor social que se opõe sempre a uma famigerada“direita”, a atentar sempre contra a estimada “esquerda” defensora dos direitos do povo e do socialismo. É este o argumento supremo, sempre que o fogo chega às portas da cidade proibida. Aqui d´el rei! Vem aí a direita! Tem sido o slogan infalível dos sitiados pelos escândalos incontornáveis.
Em 1992, o escândalo rebenta no seio da própria entidade que acima de todas se instituiu como defensora dos interesses dos trabalhadores. A UGT, couto do socialismo à moda de Torres, foi acusada de aproveitar verbas do Fundo Social Europeu para formar vigaristas. Caiu o Carmo, a Trindade e a torre do Tombo afundou-se. Podia lá ser, uma coisa assim! Anos e anos depois, o processo, naturalmente, prescreveu. Couto sumiu, mas outros coutos apareceram e prosperaram, sempre em nome dos trabalhadores.
Em 1994, um outro assunto menor assumiu proporções de grande escândalo: O deputado do PSD e líder parlamentar, Duarte Lima, tinha uma Casa Cheia de coisas fabulosas. O Independente de 9 de Dezembro de 1994, prometia escrever sobre “as fabulosas casas” do deputado, vindo das berças transmontanas, pobre e com uma mão atrás e outra à frente, em busca das luzes da cidade. Uma quinta de 3 hectares, perto de Nafarros, suscitava a atenção do próprio Mário Soares que publicamente exprimia a sua estranheza pelos muros altos da quinta sem dono verdadeiramente conhecido e com movimentações suspeitas de obras e mais obras. Um bom ingénuo, este Soares, proclamava a sua estranheza mesmo, mesmo estranha, na época.
A fuga ao fisco, serviu outra vez para o escândalo estourar, com base sólida, demolida com o pagamento em processo de contra-ordenação e rectificação de declarações fiscais. O resto foi por água abaixo porque em 1994, o tráfico de influências era ainda uma miragem penalmente relevante. O deputado, aliás esteve sempre inocente de todas as acusações e trocou impressões nos jornais contra a inveja pátria.
Em Janeiro de 1996, calhou a vez a um Nabo de apelido, ser incomodado por ter tentado enganar o fisco. Murteira, ministro de Guterres, declarou um preço de compra de uma casa, abaixo do real. Ficou ao léu, porque o pecado era mortal, como fora para Cadilhe e veio a ser igualmente para António Vitorino, alguns anos depois, por causa de um monte alentejano, sem sisa.
Aliás, a falta de cumprimento escrupuloso das obrigações fiscais, tem sido o atoleiro de governantes, em Portugal. O único motivo de demissão de governantes, em Portugal, tem sido apenas esse. Bem, não apenas esse. Houve um outro, ainda mais grave, relacionado com uma anedota sobre hemofílicos. (correcção da Caverna: hemodiálise)
Os casos de corrupção ou nepotismo, sendo raros, são também do domínio dos assuntos esotéricos. Nunca um político se demitiu por insignificâncias dessas, negadas pelo povo que elege. Fátima Felgueiras? Inocente, até prova provada do contrário. O da mala preta? Qual quê! Isaltino Morais? Nem é preciso acrescentar mais. Narciso Miranda? Nem pensar. Até prepara o seu regresso ao futuro depois do caso desagradável de Sousa Franco que – isso sim!- não se tolera de modo nenhum… durante uns meses!

Nesta jangada de pedra da democracia pátria, a ética na política, parece uma moda, apresentada pelos jornais. Antes, a ética do inadmissível, resumia-se na fuga ao fisco que no fim de contas redundou na prisão de uma única pessoa, um anónimo da Oliva.
A corrupção, nunca se assumia porque não existia, até prova em contrário que nunca se fez. As leis que a combatem são sistematicamente combatidas na Assembleia por quem numa lógica perfeita, se recusa a combater o que não existe.
Os inquéritos no Parlamento, destinados a apurar responsabilidades ético-políticas, redundam sempre no mesmo destino conhecido antecipadamente: conclusões de geometria variável conforme a maioria que vota. A verdade, nisto tudo? Um pormenor casuístico, procurado apenas por interesse politicamente relevante ou pura e simples vingança contra os que ousam afrontar o poder político geral dos eleitos de sempre, em listas dos mesmos de sempre e em nome da democracia formal que juram a pés juntos respeitar.

...

O que resta para a justiça do cidadão que vota, talvez seja a esperança de que algum destes salafrários se esqueça de declarar a sisa integral do apartamento de luxo, comprado com o salário de funcionário público e um jornal que ainda não existe (o Independente acabou), se lembre da oportunidade do assunto.
Mesmo assim, é de temer que nesta altura, já nem sequer exista assunto de escândalo suficiente.
A prova, cabal e de demonstração directa, está à vista de todos.

21.4.07

Sano heti jos minä häiritsen,
hän sanoi astuessaan ovesta sisään,
niin minä lähden saman tien pois.

Sinä et ainoastaan häiritse,
minä vastasin,
sinä järkytät koko minun olemustani.
Tervetuloa.



Tell me immediately if I'm disturbing you,
He said, coming in the door,
And I will leave right away.

You not only disturb,
I answered,
You shake my whole being.
Welcome.




- Eeva Kilpi -

Redde Caesari quae sunt Caesaris

Acho que é um preço baixo por toda a sequência (espera lá, entrou um novo acordo ortográfico com os autóctones, não foi? vou conferir) (já conferi, escreve-se da mesma maneira) (bom) de dedicatórias que Temos recebido da Nossa Zazie-en-Cocagne, estes



embora seja de realçar que me sinto um bocado acossado, tipo,



por isso a partir de agora estou em



Não estou nada. Já vou buscar um poema aconselhável ;)

19.4.07

Open

My heart seeks eternity:
from chaos to cosmos.

Glowing flames
illuminate dark cities,
masses move
into silent darkness.
into silent darkness.

We go!
We go!
Fighting death,
fighting death,
wordless wrath expands
and we are being extinguished.
I, you, all of us.

- Srecko Kosovel
Translated by William S. Heiliger
Imagem: wehavekaosinthegarden
Texto: cavernaobscura




Para que esta mensagem passe com maior claridade ("clarity" no original, em Inglês Técnico) optamos por mobilar ("furnish" no original em IT) o público com frases simplex, articuladas no jargão da casta dominante e com um complemento semântico que lhe seja familiar ("shut the fuck up and vote" no original coiso).

Assim, os portugueses sabem bem que andam a ser levados; os portugueses sabem-no bem. E sabem-no por demitir-se recorrentemente do mais rudimentar procedimento higiénico: olhar ao espelho de manhã e inspeccionar, atentamente, a fronha que ali se desvenda. Mas os portugueses escolheram! E os portugueses escolhem, e escolherão, porque têm direitos, veja-se bem, os portugueses pronunciaram-se escolhendo ter direitos que sabem bem! Os portugueses sabem pronunciar que querem escolher o que têm. É normal, de resto absolutamente normal, que assim sendo, quem escolhe o que tem, leva. E quanto mais leva, mais o cuzinho aquece, e mais forte se torna o PS. Tudo isto é normal e qualquer tentativa de provar o contrário não passará de uma manobra insidiosa para alertar o público para a dura realidade: os portugueses sabem bem o que encontram no espelho, de manhã. Sabem bem e de cima vem a Voz do Dono que fala por eles, como é aliás normal.

Mas dir-se-à ainda mais. Qualquer tentativa de escamotear a realidade será punida com o ostracismo, a chacota e a exclusão dos programas mais avançados, alguns até dignos do século LXXXVII, com que a Providência Social poderia ainda vir a entender brindar os elementos mais desfavorecidos - aqueles que não saibam, por exemplo, possuir o direito inalienável de, tendo abortado à trigésima semana, adoptar um aspirador vivendo em união gay. Assim dita o imperativo de estabilidade que os portugueses amam, que os portugueses querem, do qual precisam, assim ditam os portugueses que mandam nos portugueses que por seu turno vivem dias que são iguais, entre si e ciclicamente até morrerem todos de cancro nos bolsos, porque é a trabalhar, e não com questões parvas, que o país vai para a frente. Senão ficamos malucos.Os portugueses sabem bem que não são malucos.

E agora a sério.

Com o advento de mais esta Esmeralda na coroa do arquipélago, Sócrates-o-Usurpador e a Vara de acólitos que encabeça arriscam-se a rivalizar com as hordas de Tamerlão na corrida aos lugares cimeiros do próximo concurso da Emissora Social-Ortodoxa, "Os comedores de inocentes". Num ritual de glória quase castrense e a expensas do seu já ténue equilíbrio, o território vai agora assistir, com abandono e bacanália, à reinvenção da burla.

É escusado vir bradar para aqui, no ermo blogosférico, a apologia do grito libertário, dos despertares colectivos, de revoluções inanes e torpes que mudariam apenas o formato à letargia. Toda a gente sabe em que país vivemos: Portugal está feito um grande e fétido recanto sem solução, em tudo semelhante ao simpático bairro onde decorre a acção do filme de Ettore Scola, "Feios Porcos e Maus"; onde o acessório é tido por essencial e campeia o culto à mediocridade; onde todos comem todos, consanguineamente, e perante a deriva das gerações que brotam, a maralha passa os dias no exercício de direitos "fundamentais", alegremente cantando e rindo, numa espiral hedionda e agonizante. Não há nada como um par de sapatos novo para condizer com o creme, o telemóvel e os comprimidos brancos que combinam tão bem com o segundo maço de polónio, digo tabaco. O resto são cabalas que esses gajos novos, com a mania que são evoluídos, andam para aí a espalhar para ver se isto volta outra vez ao Salazar.

Este é o país em que é simplex constituir uma empresa, mas depois as certidões demoram 4 semanas a sair; em que as leis são do século XXI, mas depois o sistema e os funcionários do sistema são do Paleozóico; em que há formulários, sites, e mecanismos para reclamar disto e daquilo, promovendo a denúncia e o caguinchismo geral, mas depois tudo acontece e ninguém é jamais ressarcido do tempo e dinheiro que perde; em que desempregados de 60 anos (engenheiros a sério) são mandados chamar a centros de emprego para cuja localização não existem transportes públicos, e à chegada "convidados" a aderir a um programa de "reciclagem" a 50km de casa, com três euros e 25 cêntimos de subsídio de almoço, mas depois os filhos da puta dos políticos estoiram milhões de vezes esse valor numa semana, em merdas que não fazem falta a ninguém.

Os portugueses sabem bem o que lhes falta quando se vêem ao espelho de manhã.

Os Ministros da Morte, #4 - Correia de Campos (o Pinkie)

Esta anda há tempo demais entalada para passar em claro.

Há uns tempos, Fátima Campos Ferreira apresentou no Prós & Prós uma versão estilizada das imagens que reproduzo abaixo. Disse nessa noite que a figura da esquerda representa (facto consumado, e não alvitre ou previsão) "a cobertura em território nacional após concretização do plano do ministro Correia de Campos". A cobertura actual seria qualquer coisa mais aproximada à imagem da direita.

FCF é mais um exemplo de como é tão possível reduzir um ser humano capaz à expressão gelatinosa da subserviência. E o pior é que tudo se reduz a dinheiro e a um ideal bacoco de inclusão social, uma "need to belong" a la dixieland.

Bom proveito em 2009.


Os Ministros da Morte, #3 - Mariano Gago

Ao melhor estilo "England Prevails", meus senhores.

UnI: Inspecção-Geral exigiu entrega do processo de Sócrates
A Inspecção-Geral do Ensino Superior exigiu à Universidade Independente (UnI) que entregue todos os registos relacionados com o percurso académico de José Sócrates, em duas diligências realizadas terça-feira e hoje na instituição, disse à Lusa a assessora da universidade.

Em declarações à agência Lusa, Maria João Barreto considerou que esta exigência «tem tudo a ver» com a conferência de imprensa que a direcção da UnI convocou para terça-feira e posteriormente adiou para hoje, na qual serão divulgados documentos relacionados com a licenciatura do primeiro-ministro na instituição, concluída em 1996.

«Os inspectores do Ministério estiveram cá ontem [terça-feira] a exigir o processo do primeiro-ministro, mas nós recusámos, já que da primeira vez que quisemos entregar todos os documentos, eles não aceitaram porque não queriam que esses registos fizessem parte do processo da inspecção», afirmou a assessora da UnI, Maria João Barreto.

A responsável adiantou que, perante a recusa da universidade, os inspectores voltaram hoje à instituição, exigindo a entrega dos processos de todos os alunos da UnI, desde a sua criação, em 1994, «que são largos milhares».

«Como não entregámos [terça-feira], hoje voltaram e reagiram com extrema falta de elegância e de forma violenta, exigindo os processos de todos os alunos. Esta exigência é completamente descabida e absurda e, para nós, tem tudo a ver com o anúncio da nossa conferência de imprensa», considerou.

Segundo a assessora, a inspecção ainda se encontra nas instalações da universidade.

Contactada pela Lusa, a Inspecção-Geral do Ensino Superior escusou-se a confirmar, para já, esta informação, remetendo para mais tarde um comentário.

Em causa está a documentação relacionada com o percurso académico do primeiro-ministro, José Sócrates, na UnI, um processo envolto em polémica devido à existência de várias incongruências, como dois certificados de habilitações com datas e notas diferentes.

A UnI tinha anunciado que esta documentação de Sócrates - bem como de outras figuras públicas que passaram por aquela universidade - estava guardada, por questões de segurança, numa caixa blindada.



(fonte: Portal do Governo)

Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Gabinete do Ministro

Comunicado

I - Face às notícias vindas a lume sobre alegadas inexactidões processuais relativas a diplomas conferidos pela Universidade Independente e perante o silêncio dos responsáveis académicos dessa Universidade, impõem-se, em defesa dos seus actuais e antigos alunos, os esclarecimentos seguintes:

1. A Universidade Independente é um estabelecimento de ensino superior universitário reconhecido nos termos da lei e habilitado a conferir graus académicos após processo legal de reconhecimento de interesse público (que teve lugar em Dezembro de 1994) e de autorização de funcionamento dos respectivos cursos (desde Maio de 1995).

2. A Universidade Independente foi repetidamente avaliada e inspeccionada nos termos da lei, ao longo de mais de 10 anos. Dessas avaliações e inspecções resultaram recomendações e acções correctivas. Delas não resultaram informações que pusessem em causa a legitimidade dos diplomas atribuídos ou o ensino ministrado.

3. Confundir os actuais problemas da Universidade Independente - que deram de imediato lugar a acções inspectivas determinadas em 27 de Fevereiro de 2007 ‑ com o seu normal funcionamento atestado pelas referidas acções de acompanhamento e controle é manifestamente abusivo e lesivo dos interesses dos seus alunos e dos seus diplomados.

4. Os actuais problemas da Universidade Independente - ao nível das perturbações no funcionamento da empresa proprietária e, na sua sequência, no funcionamento académico da Universidade - são da estrita responsabilidade da empresa instituidora. Os alunos da Universidade são vítimas dessa situação, pela qual não podem de nenhuma forma ser responsabilizados. Do mesmo modo, os diplomados e antigos alunos da Universidade Independente não podem ver descredibilizados os seus diplomas e o esforço que realizaram. Todos eles têm direito ao seu bom-nome e ao reconhecimento pela sociedade da vontade de estudar e progredir que demonstraram.

II - Hoje mesmo, em representação dos estudantes da Universidade Independente, a sua Associação Académica solicitou ao Ministério as diligências que permitam «a reposição do bom nome daqueles que se sentem afectados por estas suspeitas e que obtiveram a sua formação de forma lícita». A defesa dos estudantes e dos diplomados impõe que se dê acolhimento a esse pedido. Assim:

a) O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior solicitou à Inspecção-Geral que, no âmbito das averiguações em curso, procedesse ao esclarecimento cabal dos procedimentos de emissão de diplomas e de apuramento e comunicação da informação estatística, assim como dos procedimentos de equivalência para prosseguimento de estudos, com vista a dissipar a inaceitável suspeição generalizada que foi lançada.

b) O Ministro solicitou ainda à Inspecção-Geral e à Direcção-Geral do Ensino Superior que reforcem todos os mecanismos de salvaguarda da documentação e registos académicos da Universidade, reiterando a integral responsabilidade não apenas dos responsáveis pela Universidade mas ainda dos seus funcionários no cumprimento dos respectivos deveres profissionais.

Os Ministros da Morte, #2 - Lurdes Rodrigues

"A título de exemplo, a Confederação das Associações de Pais aponta casos de palavras como «paciência», actualmente classificada como «nome comum abstracto» e que passaria a designar-se por «nome não contável e não massivo»;
ou o caso de «peixe-espada», que passaria de «palavra composta por justaposição» a «composto morfo-sintáctico coordenado»."

18.4.07

Desisto. São duas da manhã. O gajo tem mais erros na tradução que os socialistas no código genético.

17.4.07

"it is not forgotten the necessity"

O MEU NOME É UOF MEI!!!
"these plants have to be gathered"...

meu... ze... vais colher centrais de incineração? ou vais agrupá-las?

porra, é mesmo mau naquilo.
opportunity aparece com um p a menos.
Recicled em vez de recycled...

O gajo nem nove tinha, comigo...
"CERTAINT" EM VEZ DE CERTAIN

"CONSUME" EM VEZ DE CONSUMPTION
TERCEIRA TEM THIS EM VEZ DE THESE!!!!

E O PROF NAO CORRIGIU!!!
SEGUNDA CALINADA TEM WICH EM VEZ DE WHICH!!!

A prova escrita

Primeira calinada: TEM "hospital's" DEVIA TER "hospitals' " (dos hospitais, e não do hospital como lá está...) ASNO!!!
Meus amigos, a verdade é que "estaremos" sempre no cu do planeta porque só "nos" dá para ir à luta quando há "liberdades essenciais" em jogo, tais como andar depressa na estrada, dar porrada nos outros, gamar o próximo, empestar o ar do vizinho com cigarros, deitar embriões fora e comprar tudo o que houver para comprar nos aterros sanitários do tipo Colombo e afins.
Alegada prova com data posterior a certificado de habilitações
Monica Contreras e Rosa Pedroso Lima (Expresso, hoje)

A UnI anunciou "declarações bombásticas" para hoje, mas, à última hora adiou a conferência de Imprensa até ao regresso de Sócrates de Marrocos. Entretanto, tornou-se pública a prova escrita de Inglês Técnico. Tem data posterior ao certificado de habilitações entregue à Câmara da Covilhã.

A actual direcção da Independente quer mesmo o primeiro-ministro na conferência de Imprensa onde vai revelar o resultado da investigação interna feita aos diplomas e certificados de habilitações passados pela universidade aos antigos alunos, entre os quais José Sócrates. O adiamento da conferência de Imprensa – anunciada para esta tarde e desmarcada por volta das 17h pela assessora de imprensa da Independente – é justificada pela dificuldade em ‘‘cruzar e em obter novos dados académicos’’ relativos aos antigos alunos, mas também pelo ‘‘compromisso assumido no convite ao senhor primeiro-ministro e ao ministro da Ciência e Ensino Superior para estarem presentes ou se fazerem representar’’. A ausência de resposta do Gabinete de José Sócrates é entendida pela relações públicas da instituição ‘‘pelo facto do primeiro-ministro se encontrar em Marrocos’’.

Os esclarecimentos dos actuais responsáveis da Independente surgem depois do aparecimento de um certificado de habilitações da Licenciatura de Sócrates, entregue na Câmara da Covilhã – onde o primeiro-ministro mantém um vínculo laboral. De acordo com este último certificado, Sócrates ter-se-ia licenciado a 8 de Agosto de 1996 e não a 8 de Setembro do mesmo ano (um domingo), como indicavam os primeiros documentos apresentados pelo ex-reitor Luis Arouca ao 'Público' e ao Expresso. Revela, ainda, divergências nas notas das cadeiras efectuadas, assim como na data de finalização do curso.

Além destas disparidades, a documentação enviada para a Covilhã é registada com a data de secretaria de 26/8/96 e num papel timbrado com um número de telefone com o indicativo 21 e um código postal da Universidade Independente de sete dígitos, alterações que só foram introduzidas anos depois da passagem de Sócrates pela Independente.

Hoje, vários jornais deram a conhecer uma alegada cópia de uma prova de Inglês Técnico realizada pelo primeiro-ministro. O texto está dactilografado e é acompanhado por uma fotocópia de um cartão impresso em nome do "secretário de Estado Adjunto do ministro do Ambiente" com o seguinte texto manuscrito: "o José Sócrates envia-lhe, como combinado, o texto da cadeira de Inglês Técnico. Receba com amizade do seu...". O teste, classificado com 15 valores, é aparentemente datado de 26 de Agosto de 1996, o que tornaria impossível a conclusão da Licenciatura em 8 de Agosto, como refere o certificado enviado à Covilhã. A confirmar-se a veracidade desta prova, volta a colocar-se como possível a data de domingo, 8 de Setembro, para a conclusão do curso.

The belly of an engineer



Sócrates foi aprovado com trabalho de inglês feito em casa
Por Graça Rosendo e Felícia Cabrita
José Sócrates foi aprovado na cadeira de inglês técnico com um pequeno trabalho feito numa folha A4 e enviado para o reitor da Universidade Independente, acompanhado de um cartão com o timbre do seu gabinete de Secretário de Estado. Esta é a explicação que deverá ser dada hoje pela nova direcção da Uni, em conferência de imprensa quando, - conforme estava previsto até há momentos - tornar públicos estes dois documentos, apurou o SOL.


José Sócrates terá feito a cadeira de Inglês Técnico ­– uma das cinco que fez na Universidade Independente para concluir a licenciatura em Engenharia Civil – através de um pequeno trabalho entregue numa folha A4, que fez chegar ao reitor acompanhado de um cartão do seu gabinete de secretário de Estado.

O cartão e a folha A4 foram encontrados no processo do aluno José Sócrates pela nova equipa que está à frente da UnI.

O SOL apurou que está previsto estes dois documentos serem apresentados hoje, durante a anunciada conferência de imprensa da nova direcção, com a indicação de que o dossiê escolar de Sócrates, nesta cadeira, não contém qualquer outro elemento de avaliação.

Um destes documentos é, então, um cartão de José Sócrates (subscrito enquanto secretário de Estado adjunto do Ministro do Ambiente e que tem o timbre do seu gabinete), em que este escreveu, pelo seu punho: «Meu caro, como combinado aqui vai o texto para a minha cadeira de Inglês». Agrafado a este cartão, está uma folha A4, com um pequeno texto em inglês, que corresponderá à resposta a menos de uma dezena de alíneas.

Segundo apurou o SOL, este «trabalho para a cadeira de Inglês» é o único documento escolar de Sócrates desta cadeira e terá servido para concluir a sua avaliação final a Inglês Técnico.

Contactado, o gabinete do primeiro-ministro informa que, a haver comentários ao caso, ficarão para depois da conferência de Imprensa da UnI.

Porém, não há por enquanto confirmação de que esta conferência de imprensa (marcada para as 18h) venha mesmo a realizar-se. Ontem, a direcção da UnI prometeu revelações importantes na investigação feita pela universidade ao processo do aluno José Sócrates.

sol.sapo.pt

Apostas para logo à tarde

Reproduz-se parte de um comentário, que acho bastante pertinente e quiçá visionário, a um post datado de hoje no Do Portugal Profundo (com bolds meus onde vejo maior interesse):


"dadas as circunstâncias deste momento particular, não seria o PM que estaria em causa, mas também a imagem do país o que afectaria o seu posicionamento político e diplomático diante dos seus parceiros europeus. Limpar a casa que alguns dos nossos sujaram porque, no mínimo, utilizam métodos na vida dos quais nos devemos distanciar, deve ser feito, desde que o monte de lixo que daí resulta não se veja lá fora. E neste contexto nem sei como o Dr. Marques Mendes foi tão longe nas suas exigências de transparência. Veja-se o burguês Francisco Louçã que, para além do forte sentido do dever político que lhe incumbe for força do que acabei de dizer – riam-se por favor ! – deve ficar, nesta teia de favores que medeia as relações entre as elites, com um crédito suplementar sobre o PM.
Neste momento, as elites com responsabilidades públicas não querem que se mexa mais na imagem do PM. Se o Sr. Fizesse parte deste núcleo talvez também não o quizesse. O PM sabe isso o que o faz estar mais ou menos à vontade.

A partir de agora é que o seu combate vai ser rijo porque vai ter de dar crédito formal ao locus da verdade que conseguiu quando ninguém já está interessado nele. Coragem!

PS. A UnI vai esta tarde fazer uma conferência de imprensa negociada. Se conseguir negociar o fim do processo de encerramento compulsivo a que está sujeita teremos revelações que contribuirão para lavar a imagem do PM. Intuitivamente diria que é isto que irá acontecer:
- UnI limpa imagem do PM.
- Mariano Gago ecena uma insistência publica de afirmação de que o processo provisório do fecho compulsivo da UnI continua, dependendo o seu desfecho das repostas que a UnI estará em condições de fornecer. E, daqui a umas semanas – afinal o semestre já foi para o tecto – as respostas chegam e a UnI não fecha. Encerra-se alegremente o assunto.
Se o PM não quiser negociar, o que dentro numa perspectiva maquiavélica, seria uma burrice, então teremos mais fogo de artifício.
A ver vamos!

Cumprimentos
Na eventualidade de logo à tarde a UnI, pela boca de quem falar, afirmar que o sentido da grande cabala é o de denegrir a imagem dos angelicais políticos, aqui ficam algumas considerações tecidas pelo Gabriel e pela Helena Matos no Blasfémias:

"Erros de secretaria:

1. Em 28 Agosto de 96, Sócrates pediu e obteve um certificado de habilitações na UnI. A data de conclusão atestava: 08/08/9. Faltava um número: um erro da secretaria.


2. No ano 2000, a Câmara da Covilhã pediu-lhe tal certificado, para efeitos de reclassificação como funcionário da autarquia. Repararam que a data estava incompleta, pelo que se pediu uma segunda via. Foi enviado «ainda em Setembro», um segundo certificado, agora com a data de 08/08/96, mas em papel timbrado do ano 2000. Outro erro da secretaria.


3. Ainda no primeiro certificado foram indicadas como equivalências 24 cadeiras e não 26, pelo que Sócrates teria feito 7 cadeiras para terminar o curso e não cinco. Mas, diz o governo, o primeiro certificado estava certo na data, mas errado quanto às equivalências. Uma vez mais, por erro de secretaria.
4. O primeiro-ministro tem em seu poder, e até mostrou na televisão, um terceiro certificado passado em 2003, com 26 equivalências, e cinco cadeiras feitas na UnI, mas... por erro de secretaria, com a data de conclusão errada: 08/09/96.


5. Algumas das notas entre os 3 certificados não batem certo. Obviamente, um erro de secretaria.


6. Sócrates terá requerido um plano de equivalências , num total de 25 cadeiras. Teve equivalência a 26. Erro de secretaria?


7. No documento de equivalências, o Conselho Científico da Universidade não se pronuncia, o que se suporia obrigatório para atribuição dessas mesmas equivalências. Erro de secretaria?

(Nota: sobre as equivalências, ver posta «esclarecedora»)


8. Sócrates requereu equivalências ao reitor (sem indicação de nome) e obteve resposta, por parte de Luís Arouca em Setembro de 1995. Só que este não era na altura o reitor. Erro de Secretaria?


9. A notícia de que em 93 a ficha biográfica no Parlamento de Sócrates indicava o mesmo como Engenheiro Civil foi considerada pelo governo como um erro de secretaria.

Bem, não, afinal não foi bem do parlamento..... Foi Sócrates, ele próprio, que «clarificou», em data incerta, um seu lapso, embora reafirme que nunca se intitulou como «licenciado» antes de o ser. O que também se verificou não ser bem como ele diz.


10. Na listagem de licenciados do relatório do ministério, Mariano Gago afirma que por erro de secretaria da UnI, não surge nenhum licenciado em 95 (ano em que deveriam ser indicados os licenciados do ano lectivo de 95/96, o caso de Sócrates). Já agora, nem em 96."


"Absolutamente normal*

I O responsável máximo pelo estudo afinal não era o responsável máximo. Quatro dos dossiers desse importantíssimo estudo são assinados pela mesma pessoa. As datas constantes no estudo também não podem ser aquelas que constam do seu cabeçalho já que nessa data os indicativos telefónicos e os códigos postais eram outros. A isto junta-se que desse estudo existem duas versões diferentes nos organismos oficiais onde ele foi entregue, etc... etc... Não, não me estou a referir ao processo de certificação académica de José Sócrates. Estou apenas a transferir para a actividade governamental o conceito de normalidade que passámos a aceitar no caso das habilitações do primeiro-ministro. Suponhamos que o estudo que referi tratava da localização do novo aeroporto. Do traçado do TGV. Do destino da GALP. Das opções da CGD. Do futuro da Segurança Social. Da reestruturação dos serviços de informações e segurança – seriam esses estudos considerados normais? Admitir-se-iam tantos erros burocráticos e administrativos? Espero sinceramente que não. Mas corremos de facto o risco de que tal aconteça.
Porque uma coisa é os portugueses darem a Sócrates o benefício da dúvida ou o ‘benefício apesar da certeza’ numa matéria pessoal como é o da sua formação académica. (O que aliás coloca uma pergunta cuja resposta está naturalmente adiada: vai o PS passar um cheque em branco e não datado neste caso a José Sócrates?). Outra coisa, essa muito mais grave e questionável, é este ‘faz de conta que é absolutamente normal’ instalar-se como estilo governamental e ser aplicado em assuntos como os que referi.

Mas não só. Nós mesmos podemos fazer de conta que achamos que é absolutamente normal que a documentação proveniente da UnI acumule erros sobre erros, mas não podemos fazer de conta quando os erros se estendem ao arquivo da Assembleia da República. Por razões várias, na nossa vida, todos nós esticamos e encolhemos os limites daquilo que consideramos absolutamente normal. Mas, como bem sabemos, devemos respeitar esses limites ou acabamos a não ser capazes de, diante dum espelho, perante o nosso próprio olhar, repetir a expressão “absolutamente normal”.

II É óbvio que os diplomas universitários de José Sócrates me inspiram dúvidas. Contudo não estão em causa os seus dotes e capacidades de liderança. E, seja qual for o resultado de todo este caso, não se pode esquecer que José Sócrates é líder do PS porque ganhou esse lugar e primeiro-ministro porque a maior parte dos portugueses lhe deu o seu voto de confiança. Outra coisa bem diversa são umas figuras como Armando Vara que não se percebe a que título, pessoal ou académico, foi nomeado administrador da CGD e que sobre o caso da Universidade Independente produziu na revista Sábado declarações muito significativas: «Conheci o António Morais numa reunião do PS no hotel Altis. Ele apresentou-se e disse-me o que fazia e que era de Carrazeda de Ansiães, a minha terra. Passado algum tempo, lembrei-me dele para uma função onde precisava de alguém.» A juntar a este critério de selecção baseado no nascimento em Carrazeda de de Ansiães e na filiação no PS juntou ainda Armando Vara um conselho ao jornalista – «Vá ver de onde vêm estas coisas [notícias sobre a UNI] e as ligações que existem ao grupo parlamentar do PSD». E para reforçar a recomendação Vara recorreu a um provérbio que diz ser também da sua terra: «pimenta no rabinho dos outros é refresco». Nada tendo eu contra Carrazeda de Ansiães, e o que por lá se diz ou faz, não me parece que Governo algum possa escolher e manter como administrador do principal banco português uma criatura que em bom juízo nem parece estar preparado para estar ao balcão da CGD. Seja em Carrazeda de Ansiães ou em qualquer outro lugar.

*PÚBLICO, 16 de Abril"

Blog do dia

http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com/

"Há dias e dias que se fala da licenciatura do Sócrates e muito se tem discutido e escavado a sua existência, mas em tudo isto onde está o facto verdadeiramente relevante? Está em haver a possibilidade de alguém ser quem na verdade não é, apenas por ser quem é ou por ter uma conta bancária bem recheada. Resumindo está na mentira. Esta, é a minha posição, mas pelos vistos não represento a voz da maioria das pessoas deste país. Talvez por ela, a mentira, já fazer parte do nosso dia a dia, muita gente a considere como algo de normal e aceitável. Afinal somos governados por um Partido Socialista que nada tem de socialista, partidos de direita que querem ser do centro, partidos sociais-democratas que na verdade são partidos de direita e partidos mais à esquerda que acabam a fazer o discurso do centro ao aceitar a economia de mercado, o liberalismo e a soberania europeia. Vivemos na mentira, na aldrabice dos números, das estatísticas e das promessas. Somos enganados diariamente por uma comunicação social que nos vende as mentiras encomendadas, que nos lava o cérebro para nos retirar o ânimo e a força para resistir. Somos embalados em notícias sem valor, em futebois coxos, com histórias de vidas alheias, com sonhos de milhões e imagens de miséria. A Democracia em que vivemos é toda ela uma enorme mascarada em que nos dão o poder de voto, mas não alternativas. Vivemos numa ignorância fabricada, e na certeza que mesmo na desgraça, ainda tivemos sempre muita sorte. A sorte de ter um salário de miséria, porque há muitos que perdem o emprego, a sorte de ter uma codea de pão para comer porque há muitos que nada têm, a sorte de morrer agora porque houve muitos que morreram ontem. Vivemos na mentira e por isso a aceitamos tão calmamente. Será que ainda suportaríamos viver num mundo livre dela? Eu gostava de tentar."


(retribuindo)


A Late Good Night

My lamp is out, my task is done,
And up the stair with lingering feet
I climb. The staircase clock strikes one.
Good night, my love! good night, my sweet!

My solitary room I gain.
A single star makes incomplete
The blackness of the window pane.
Good night, my love! good night, my sweet!

Dim and more dim its sparkle grows,
And ere my head the pillows meet,
My lids are fain themselves to close.
Good night, my love! good night, my sweet!

My lips no other words can say,
But still they murmur and repeat
To you, who slumber far away,
Good night, my love! good night, my sweet!

- Robert Fuller Murray

16.4.07

Querido / Sócrates

Paulo Querido e José Sócrates têm agora algo evidente em comum: o sr. Pinto de Sousa usa, à boca cheia, a expressão "os portugueses" (os portugueses querem, os portugueses sabem bem, os portugueses não gostam) como se fosse dono, senhor, enfim déspota reinante sobre o conteúdo programático de cada membro da Nacinha, vivo, morto ou nascituro; ao passo que o outro rapaz, projecto "uber-geek" de nano-controlador, pretende fazer de si mesmo a voz de uma blogosfera que só existe nos delírios que vem alimentando há vinte e tal anos.

15.4.07

To all Isabels

maggie and milly and molly and may


maggie and milly and molly and may
went down to the beach (to play one day)

and maggie discovered a shell that sang
so sweetly she couldn’t remember her troubles,and

milly befriended a stranded star
whose rays five languid fingers were;

and molly was chased by a horrible thing
which raced sideways while blowing bubbles:and

may came home with a smooth round stone
as small as a world and as large as alone.

For whatever we lose(like a you or a me)
it’s always ourselves we find in the sea


- ee cummings

Roubado de fresco ao nova-frente.blogspot... :)

NOVAS OPORTUNIDADES

Nos postais abaixo, uma visão nova-frentista sobre a grande aposta na qualificação. A empresa do século.

ESTE É O BILL GATES QUE ACABOU OS ESTUDOS

Aos 19 anos quis abandonar a universidade e iniciar um negócio de informática na garagem. A mãe, muito avisada, demoveu-o da tolice. O jovem William acabou os estudos e hoje é programador de sistemas no Ministério da Agricultura.
Não desistas de estudar. Aprender compensa.

ESTE É O LUÍS FIGO QUE ACABOU OS ESTUDOS

Ainda adolescente, pretendeu abandonar a escola e o seu clube de bairro, na Cova da Piedade, para ser profissional de futebol. Os pais não consentiram. Luís Figo acabou os estudos e hoje é chefe de contabilidade na Câmara Municipal de Almada.
Não desistas de estudar. Aprender compensa.

ESTE É O BERARDO QUE ACABOU OS ESTUDOS

Aos 18 anos pensou em emigrar para a África do Sul, mas prosseguiu na escola. José Berardo acabou os estudos e hoje é chefe de segurança no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Não desistas de estudar. Aprender compensa.

ESTE É O SARAMAGO QUE ACABOU OS ESTUDOS

Quando jovem pensou em exercer a actividade de serralheiro mecânico e dedicar-se à literatura. Os amigos convenceram-no a matricular-se no Técnico e expandir os seus horizontes culturais. José Saramago acabou os estudos; hoje é director de produção da AutoEuropa e conselheiro nacional do PSD.
Não desistas de estudar. Aprender compensa.

ADENDA 1: ESTE É O PINTO DA COSTA QUE ACABOU OS ESTUDOS



ADENDA 2: ESTES SÃO OS SÓCRATES QUE ACABARAM OS ESTUDOS


Jantei com meus pais, que de viva memória sabem bem o que foi a PIDE/DGS; eu somente o sei por interposta experiência, já que ainda não senti na pele o rigor aberto de a ver na rua, impune; de a cheirar em cada autocarro, em cada paragem; nos mercados, nas farmácias; sei apenas que funciona em gabinetes, sob um cone de biombos sem cor. Mas persiste. Persiste e prepara-se para comer, a cada português, um dia de vida, como em tempos Costa Martins, ministro traidor, lhes comeu um dia de trabalho, assim haja memória. E eu não quero permitir que a PIDE/DGS renascida, refeita a partir da argamassa daqueles que andavam há uns anos em cima das mesas a arder, declamando inflamados por uma vida liberta, venha agora cobrar aos nossos filhos aquilo que jamais terá direito de cobrar: o ar que respiram.
http://tvi.iol.pt

José Sócrates foi questionado pelo tribunal de Guimarães sobre a origem do dinheiro usado para adquirir a sede do PS de Felgueiras. A magistrada está a investigar a possível existência de um segundo saco azul em Felgueiras.

Com as respostas do secretário-geral socialista, a juíza ficou a saber que a sede não pertence ao PS e que o partido não paga qualquer renda por estar ali instalado há oito anos.

A TVI tentou obter uma explicação de José Sócrates para a situação, só que o líder do PS diz que não conhece o assunto, apesar de ter trocado cartas com o tribunal há apenas quinze dias.

No processo está a ser investigado se alegadamente a sede não terá sido comprada por Fátima Felgueiras com dinheiro de empresários alegadamente em troca de favores da Câmara. A magistrada Maria Fortuna Rodrigo perguntou a José Sócrates qual a origem do dinheiro que permitiu comprar a sede. A resposta, datada de 29 de Dezembro do ano passado, Sócrates revelou que afinal a sede não pertence ao partido. «Nos registos do património propriedade do PS não consta qualquer imóvel em Felgueiras», informou o secretário-geral por ofício ao tribunal.

A TVI teve acesso a um contrato de compra e venda em nome de Júlio Faria, presidente da câmara anterior de Felgueiras, deputado do PS e um dos principais arguidos do processo Saco Azul.

Não satisfeita com a resposta de Sócrates, a juíza voltou a perguntar, a 24 de Janeiro, a quem é que o PS paga renda pelo uso das instalações do PS. A 30 de Janeiro o chefe do gabinete de José Sócrates respondeu; «o local onde actualmente se encontra sedeado o PS de Felgueiras não é arrendado e nada consta sobre a eventual futura aquisição por parte do partido».

A sede é um dos andares de um edifício no Campo da Feira e a TVI sabe que continua registado em nome da empresa SOCOFEL, uma construtora de grande relevância em Felgueiras. Para além do edifício da sede, a construtora fez o maior prédio de habitação da cidade e dois centros comerciais com andares de habitação que ocupam quase meia avenida.


    Watch the sun
As it crawls across a final time
And it feels like
Like it was a friend
If it's watching us
And the world we set on fire
Do you wonder
If it feels the same?

And the sky is filled with light
Can you see it?
All the black is really white
If you believe it
As the time is running out
Let me take away your doubt
We can find a better place
In this twilight

Dust to dust
Ashes in your hair remind me
What it feels like
And I won't feel again
Night descends
Could I have been a better person?
If I could only
Do it all again

But the sky is filled with light
Can you see it?
All the black is really white
If you believe it
And the longing that you feel
You know none of this is real
We will find a better place
In this twilight
    (Reznor)
I sometimes feel like an alien creature
for which there is no earthly explanation

Sure I have human form
walking erect and opposing digits,
but my mind is upside down.
I feel like a run-on sentence
in a punctuation crazy world.
and I see the world around me
like a mad collective dream.

An endless stream of people
move like ants from the freeway
cell phones, pc's, and digital displays
"In Money We Trust,"
we'll find happiness
the prevailing attitude;
like a genetically modified irradiated Big Mac
is somehow symbolic of food.

Morality is legislated
prisons over-populated
religion is incorporated
the profit-motive has permeated all activity
we pay our government to let us park on the street
And war is the biggest money-maker of all
we all know missile envy only comes from being small.

Politicians and prostitutes
are comfortable together
I wonder if they talk about the strange change in the weather.
This government was founded by, of, and for the people
but everybody feels it
like a giant open sore
they don't represent us anymore

And blaming the President for the country's woes
is like yelling at a puppet
for the way it sings
Who's the man behind the curtain pulling the strings?

A billion people sitting watching their TV
in the room that they call living
but as for me
I see living as loving
and since there is no loving room
I sit on the grass under a tree
dreaming of the way things used to be

Pre-Industrial Revolution
which of course is before the rivers and oceans, and skies were polluted
before Parkinson's, and mad cows
and all the convoluted cacophony of bad ideas
like skyscrapers, and tree paper, and earth rapers
like Monsanto and Dupont had their way
as they continue to today.

This was Pre-us
back when the buffalo roamed
and the Indian's home
was the forest, and God was nature
and heaven was here and now
Can you imagine clean water, food, and air
living in community with animals and people who care?

Do you dare to feel responsible for every dollar you lay down
are you going to make the rich man richer
or are you going to stand your ground

You say you want a revolution
a communal evolution
to be a part of the solution
maybe I'll be seeing you around.

- Woody Harrelson
Manha e Falso Prestígio
Os dois males de que sofre a vida portuguesa

José de Almada Negreiros*

Há, sim senhor!
Há um Portugal sério, um Portugal que trabalha, que estuda; curioso, atento e honrado! Há um Portugal que não perde o seu tempo com inimigos fantásticos e cujo o único desejo é apenas e grandemente ser Ele próprio! Há um Portugal, o único que deve haver e que afinal é o único que não anda por causa dos vários Portugais inventados de todos os lados de Portugal! Há um Portugal profissionalista, civil e insubornável! Há, sim meus senhores!
Mas entretanto…
Entretanto, a nossa querida terra está cheia de manhosos, de manhosos e de manhosos, e de mais manhosos. E numa terra de manhosos não se pode chegar senão a falso prestígio. É o que mais há agora por aí em Portugal: os falsos prestígios.
E vai-se dizer de quem é a culpa de haver manhosos e falsos prestígios: a culpa é nossa, é só nossa! Não há nenhum português, nem o escolhido entre os melhores, que não tenha forte parte nesta culpa. Porque os portugueses, os bons, os melhores, os sérios, os inteiros, enfim os portugueses (se se entendesse bem esta palavra) não sabem, ou melhor, não desejam lutar contra a manha dos que chegam a ser ou favorecem os falsos prestígios. Ora, a maneira de lutar contra a manha não é manha e meia, antes pelo contrário, é a de detestá-la absolutamente, e mais, desmascarando-a publicamente e ali mesmo. Senão ouvi:
É completamente impossível esmerar-se cada qual apenas no que produz de correcto dentro da sua profissão. Para que fosse possível seria necessário que o conjunto colectivo correspondesse de facto à qualidade de toda e qualquer profissão. Impossível aqui em Portugal. O momento tem a realidade imperativa do seu instante. Aqui não se distingue o correcto do impróprio. É necessário vir explicá-lo na praça pública.
Todo aquele que cuide que lhe bastará para progredir na sua profissão o ser probo nos seus estudos e produções, engana-se terrivelmente, pois que lhe falta ainda e sobretudo o seu dever cívico de encarreirar as gentes e livrá-las dos glosistas, pasticheurs e até mixordeiros de toda e qualquer profissão. É urgente e actualíssimo vir até ao público e denunciar-lhe como o comem por parvo com falcatruas, e lhe dão gato por lebre.
Efectivamente o único complicado aqui é a maneira de liquidar os manhosos. É complicado porque eles escapariam até aos gases asfixiantes! É complicado porque eles conhecem a fundo e melhor do que ninguém como funciona a superstição sentimental das gentes e, confessamo-lo, servem-se dela admiravelmente. Tão admiravelmente que ganham sempre com as recansadas fórmulas que ainda são inéditas para tantos: oficiais do mesmo ofício, invejas, concorrências, etc… evitando simplesmente a polémica técnica e a discussão do mérito. E francamente, eles não deixam de ter carradas de razão, carradíssimas de razão ao confiar em que isso do mérito em Portugal é questão de cara ou coroa. Pois apesar disso ainda fazem batota por cima. Por cima, não, por baixo: de cócoras, beijoqueiros, manteigueiros e por último descarados. Um autêntico e constante desfile de atropeladores à coca do lugar de falso prestígio. E chegam lá. Depois rebentam.
A culpa de ser a nossa querida terra tão propícia à vegetação dos manhosos e à arribação dos falsos prestígios, essa culpa é incomparavelmente menos misteriosa do que possa parecê-lo à simples vista. Ela não está na inocência dos simples e dos leigos que servem sem querer e sem saberem de trampolim elástico para o salto mortal dos cambalhoteiros. A culpa, meus senhores, é de nós todos e sobretudo nossa. Nossa porque tivemos sempre muitíssima mais razão do que serenidade para dizermos com toda a claridade a razão que temos. Esta nossa falta de serenidade tem sido, oiçam-nos bem, meus senhores, a grande vantagem, a maior de todas, e da qual os manhosos melhor se servem para acabar de convencer o público lá pelos seus processos nada invejáveis. Este terreno é deles e são naturalmente dos maitress chez soi. Façamo-los vir para o nosso. E não esqueçamos tão pouco que eles sabem muito bem que o público se convence melhor com o sonoro do que com o mudo. Sejamos, pois, tão sonoros como eles mas nitidamente contrários.
Declaremos a guerra ao empenho, à cunha, à apresentação, ao salamaleque, à porta travessa, à côterie, às amizades e às inimizades pessoais, e a toda essa gama de pechotice que medra e faz medrar a marmelada nacional. E, sobretudo, com toda a serenidade, lancemo-nos definitivamente ao ataque dos manhosos e dos prestígios, esta vergonha maior de Portugal, e que seja tão nítido o nosso ataque, tão clara a nossa razão e tão serena a nossa atitude, que, nunca mais aconteça o que até aqui, em que a nossa indignação e protesto eram movidos com tão justo calor português que nem se davam conta das falhas que arrasta consigo a serenidade, essas falhas legitimamente nossas e que as sabem tão bem pescar os manhosos, ou como diz o povo, os aldrabões!
A verdade é esta: o nosso combate aos manhosos até hoje teve o triste resultado de se poder confundir com o dos caluniadores e dos invejosos. Façamos grandemente atenção a isto mesmo e teremos liquidado o último recurso dos manhosos. Estamos a nós próprios um desaire a que estão sujeitos os caluniadores e os invejosos, os quais são, bem contrariamente, o único gás com que afinal sobe de verdade o aeróstato do falso prestígio!
Conheceis certamente aquela história da Antiga Grécia, onde um homem que tem de castigar um escravo é tomado de ira, de tal maneira que é forçado a suspender o castigo, dizendo-lhe: o que a ti te vale é eu estar tão irado, senão, se eu tivesse serenidade neste momento, não perdias nenhuma das que eu te queria dar.
Ora, meus senhores, nem toda a gente é susceptível de dispor de serenidade, e os menos susceptíveis de todos são francamente os manhosos.

* in Diário de Lisboa de 3 de Novembro de 1933
Até não haver partidos, fantoches ou ilusão.

Que denominador comum pode haver entre o zeitgeist corrente e as reeleições, sistemáticas, de energúmenos e chico-espertos? Quanto a mim, haverá três: o medo; a falta de auto-estima; e o egoísmo. Sendo o segundo consequência do primeiro, e o terceiro consequência do segundo, torna-se claro que, atavicamente, o motor primário (o medo) deriva numa consequência última - a substituição do raciocínio, que devia ser o único crivo das escolhas e das acções, por reflexos de nível inferior traduzidos em comportamentos de negação, reacção histriónica e, ultimately, de matilha.

É por isso que o português visível, médio, o que anda na rua e alimenta os regimes, é um pobre macaco sufocado, condicionado, amedrontado, mas que não sabe sê-lo e, como tal, reage em defesa daquilo que lhe proporciona a mais imediata noção de segurança, conforto e pertença.


"O filho-da-puta é sempre aquilo que os outros filhos-da-puta do momento e do lugar são; é, porque é isso que «convém» ser, e portanto é isso que ele é. O filho-da-puta insere-se sempre no processo em curso qualquer que ele seja, e esse é mais um traço distintivo do filho-da-puta. O filho-da-puta colabora, e está sempre no vento, sempre na maré, sempre na onda. O filho-da-puta é sempre no mais alto grau possível aquilo que «convém» ser no lugar e no momento em que vive.

O grande problema, a grande desorientação, a infelicidade suma do filho-da-puta ocorre naqueles momentos de transição, de incerteza quanto ao rumo dos acontecimentos, naqueles momentos em que a balança está parada por instantes e não se sabe qual o prato de maior peso; é nesses momentos que o filho-da-puta se torce e contorce, na busca desesperada de «parâmetros», dos seus queridos parâmetros, ou simplesmente de uma via, de um rumo, da sua via, do seu rumo de filho-da-puta. É nessas ocasiões sobretudo que ele, o filho-da-puta, se queixa, que aparece em todos os lugares dizendo «isto está mau», e não adiantando mais nada. Sim, para o filho-da-puta nada pior que não saber qual é a preocupação dos outros, não saber enfim o que os outros pensam, o que os outros acham, o que os outros sabem. É por isso que organiza testes, toda a espécie de testes, e programas, toda a espécie de programas, e sondagens, toda a espécie de sondagens, e inquéritos, reuniões de grupo, reciclagens, estágios, exames, modos de através de um ritual de perguntas e respostas tentar apurar dos outros o que os outros normalmente tentam também apurar dele: o que pensam, o que acham, o que sabem da vida uns dos outros. Mas quanto mais normalizadas são as perguntas e as respostas, maior é também a sensação que o filho-da-puta experimenta de nada saber. É por isso que cada vez mais promove órgãos de orienta*ção geral, instrumentos para levar a pensar ou a não pensar, a fazer ou a não fazer, a falar ou a não falar, sempre segundo os mesmos critérios nas mesmas circunstâncias. Serviços técnicos, gabinetes de coordenação, institutos de apoio, centros de divulgação e de documentação, departamentos de planejamento, setores de estatística, gabinetes de gestão, comissões do am*biente, núcleos de inspeção, canais logísticos, serviços de reconhecimento, postos de fomento, institutos de reorganização, delegações de investigação, grupos de trabalho permanente, «workshops», centros de observação, serviços coordenadores de estudos, registros centrais, divisões de fiscalização e comissões de apoio às iniciativas centrais. Por sua vez, estes órgãos são apoiados por outros de mais largo alcance; se, para esse efeito, em certos lugares e épocas utiliza a sua psiquiatria, noutros utiliza a sua inquisição, e noutros serve-se da sua televisão e demais órgãos de qualidade de vida; pode servir-se do seu jornal ou da sua falta de jornal, do seu partido único ou da sua pluralidade de partidos, pode servir-se de prêmios ou de castigos, de gratificações ou de transferências. Isso mesmo. Não há nada que o filho-da-puta não faça e não há nada que não sirva os seus desígnios."

- Alberto Pimenta, Discurso sobre o filho-da-puta, Ed. Codecri, 1983

O que eu adoro esta demonstração

Here is the well known identity that e^(ix) = cos(x) + i.sin(x)

Then let x = pi. cos(pi) = -1, sin(pi) = 0
so e^(i.pi) = cos(pi) + i.sin(pi)
= -1 + 0
and so e^(i.pi) = -1

From this you can also write the FAMOUS FIVE equation connecting the
five most important numbers in mathematics, 0, 1, e, pi, i

e^(i.pi) + 1 = 0

To show the truth of the identity quoted above we let
z = cos(x) + i.sin(x)
Then dz/dx = -sin(x)+i.cos(x)
= i{cos(x)+i.sin(x)}
= i.z

So dz/z = i.dx Now integrate
ln(z) = i.x + const. When x=0, z=1 so const=0
ln(z) = i.x

z = e^(i.x)

So cos(x) + i.sin(x) = e^(i.x)

-Doctor Anthony, The Math Forum.

14.4.07

Como não podia deixar de ser, saudamos a estreia do João Miranda, curiosamente no DN, mas pronto.


A vida humana é quase inviolável

A Constituição da República Portuguesa no seu artigo 24 diz expressamente que "a vida humana é inviolável". Trata-se de uma ideia sensata se pensarmos em questões como a pena de morte ou o infanticídio. No entanto, o artigo 24 poderá revelar-se um empecilho ao avanço da civilização no caso do aborto a pedido da mulher até às dez semanas. É que quando se diz que a vida humana é inviolável pretende-se com isso dizer precisamente que a vida humana é inviolável. Não se pretende dizer que é violável até às dez semanas.

Um feto com menos de dez semanas encontra-se inegavelmente vivo. Aliás, creio que o problema é precisamente esse. É por estar vivo que se coloca a hipótese de aborto por vontade da mulher até às dez semanas. E um feto é humano. Por incrível que possa parecer, tem um genoma idêntico ao de um ser humano adulto. É inegavelmente um Homo sapiens sapiens. Não adianta desconversar, alegando que um feto não tem as características necessárias para que possa ser considerado uma pessoa, porque a Constituição não protege apenas a vida das pessoas, protege a vida humana, mesmo as vidas humanas que não têm consciência ou não sentem dor.

Felizmente, o sr. Presidente da República teve a sensatez de não enviar a nova Lei do Aborto para o Tribunal Constitucional. Tal seria extremamente cruel para os juízes do Tribunal, os quais, para não colocar em causa a vontade popular expressa em referendo, teriam que se contorcer para mostrar que, apesar das aparências em contrário, o feto não está vivo nem é humano.

Mas se calhar não precisariam de chegar a tanto. Como se sabe, o constitucionalismo é bem mais do que uma ciência exacta. É duas ciências exactas, uma de esquerda e outra de direita. É possível encontrar pareceres, escritos por doutos constitucionalistas, irrepreensivelmente sustentados, a defender qualquer ideia, desde que vá de encontro às preferências políticas do seu autor.

Esta tarefa encontra-se facilitada, porque a nossa Constituição é a mais avançada do mundo. Nela está consagrado tudo e o seu contrário. Por isso não devemos subestimar as nuances da ciência constitucional. Um constitucionalista mais astuto pode sempre contornar a questão da vida humana do feto, alegando que a lei do aborto é a melhor forma de manter a vida humana inviolável. Contraditório? Só para mentes pouco sofisticadas. Um constitucionalista astuto argumentaria que, dado que vivemos num mundo imperfeito em que se praticam abortos todos os dias, a melhor forma de preservar a vida humana é através da institucionalização da eliminação do feto, de preferência se a prática não tiver custos para quem aborta, isto é, se for realizada em hospitais públicos e se for subsidiada pelo dinheiro dos contribuintes.